Disputas internas no PT movimentam Brasília
Grupo alega querer integrar
diferentes tendências; para outros membros do partido, ação dificulta
governabilidade e nova corrente estaria de olho em alianças eleitorais
para 2013; PT é o partido que governa o DF e tem maioria na CLDF
Brasília
247 – As eleições de 2014 parecem distantes, as próprias prévias de
2013 não estão próximas, mas o principal partido do governo do Distrito
Federal começa a mudar as suas articulações. Quem visitou o site do
PT-DF na última quinta e sexta-feira pode conferir dois textos a
respeito de uma nova facção.
O Movimento Militância Viva! seria
liderado pelo secretário de Administração Pública do Distrito Federal,
Wilmar Lacerda, e pelo presidente local do partido, o deputado federal
Roberto Policarpo. No documento, o grupo defende “possibilidade de
organizar internamente uma só tendência para atuar nas instâncias e nos
fóruns do nosso partido”.
Pelos menos seis grupos estariam se
movimentando. O deputado distrital e líder da bancada, Chico Vigilante,
manifestou ser contrário a articulação. Segundo o distrital, as
conversas teriam começado há cerca de dois meses, mas apenas 10% do
partido estaria apoiando a ideia.
“Não tem fundamento nenhum. Precisamos
que o partido tenha mais unidade para dar sustentação ao governo, ainda
mais agora que começam a aparecer os resultados”, defende Vigilante.
Chico acredita que uma nova facção fragmentaria o governo e poderia
incentivar novas divisões, o que, com o tempo, atrapalharia a
governabilidade.
Por sua vez, o Militância Viva! alega o
mesmo desejo, fortalecer o governo. “O nosso compromisso é a defesa
incondicional do projeto petista no GDF; o fortalecimento da liderança
pessoal e política do governador Agnelo; a consolidação de uma aliança
partidária e de uma coalizão de governo que trabalhe pelo fortalecimento
das ações do nosso governo e a renovação do mandato petista nas
eleições de 2014″, detalha o texto.
Vigilante vê o novo grupo como uma
forma de aumentar a participação deles no governo e de, no próximo ano,
ter mais força nas disputas partidárias. “É um governo compartilhado e
não é correto querer todos os cargos” critica o líder da bancada.
O Brasília 247 tentou entrar em contato com Wilmar Lacerda e Roberto Policarpo mas não obteve respostas.
Confira, na íntegra o comunicado do Militância Viva! e em seguida a nota de Chico Vigilante:
Comunicado ao Partido dos Trabalhadores do DF, Militância Viva!
Companheiros e Companheiras do PT/DF:
Diversos militantes do PT no DF que
integram diferentes tendências ou grupos organizados do partido (Unidade
na Luta, CNB, Alternativa Militante, Avança PT, Base Petista, MAS/PT,
PT na Base; e setores independentes) discutem a possibilidade de
organizar internamente uma só tendência para atuar nas instâncias e nos
fóruns do nosso partido.
O objetivo desses militantes é prestar
uma colaboração ao PT/DF com o intuito de reduzir a grande fragmentação
de tendências presentes hoje no partido em Brasília. As últimas
disputas internas do PT/DF foram marcadas por um número elevado de
chapas e também candidatos (as) às instancias de direção, o que deixa a
composição proporcional dos órgãos de deliberação do partido fragmentado
e instável. A instabilidade entre os inúmeros grupos e a proliferação
de interesses menores e individuais fragiliza a representação orgânica
do partido e dilacera a sua participação coletiva no governo e nos
movimentos sociais e populares.
A nossa causa é a construção da
unidade do PT/DF e a coesão em torno de um projeto político com a cara
do PT no governo, de cunho coletivo, sem a personificação exacerbada de
lideranças detentoras de mandatos no parlamento ou de cargos no GDF.
Defendemos a efetiva implantação do
modo petista de governar; com a implementação de políticas públicas
inclusivas e criativas que sempre marcaram o partido à frente dos
governos, melhorando e transformando a vida dos cidadãos socialmente
mais vulneráveis. Queremos construir uma representação militante do
PT/DF.
O nosso compromisso é a defesa
incondicional do projeto petista no GDF; o fortalecimento da liderança
pessoal e política do governador Agnelo; a consolidação de uma aliança
partidária e de uma coalizão de governo que trabalhe pelo fortalecimento
das ações do nosso governo e a renovação do mandato petista nas
eleições de 2014; a ampliação da representação do PT nos movimentos
sociais e populares; e uma maior presença dos mandatos do partido seja
na Câmara Legislativa ou no Congresso Nacional.
Para cumprir com esses compromissos e
com todos esses objetivos de colaborar com a unidade do partido,
fortalecendo o governador e o nosso governo, estamos dispostos a deixar a
militância que exercemos nos grupos ou tendências atualmente existentes
no PT/DF e construir um novo campo orgânico: com mais debate; mais
participação; mais integração, maior respeito e coletividade.
Respeitamos a pluralidade democrática e
de opiniões do PT/DF e nos apresentamos de forma aberta para conclamar a
militância partidária desejosa de mudanças e de maior abertura e
respeito no diálogo PT/Governo a integrar esse movimento apaixonado na
defesa das nossas idéias e do PT no Distrito Federal.
Movimento Militância Viva! Por um novo campo orgânico no PT/DF!
Nota Pública
Tomam corpo dentro do PT-DF discussões
e negociações para a criação de uma nova tendência interna denominada
Construindo uma novo Brasil .
A despeito das alegadas razões para
sua criação, o fato é que uma nova tendência além de não resolver os
nossos problemas internos, contribuirá mais ainda para a nossa divisão. O
que o PT precisa no momento é de unidade para definição dos seus
objetivos institucionais que devem estar acima dos interesses pessoais e
de grupos específicos.
Até há pouco tempo, o governador
Agnelo Queiroz era alvo de uma sórdida trama que tinha como objetivo
tirá-lo do Palácio do Buriti, o que está comprovado após seu depoimento
na CPMI do Caso Cachoeira no Congresso Nacional. Por longos 16 meses, o
governador foi achacado, caluniado e ultrajado sem que o PT tivesse a
capacidade de fazer sua defesa.
No bojo dessa discussão, estão temas
que além de não contribuírem para a unidade do partido, são
extemporâneos, podendo até dificultar a formalização de alianças para um
novo processo eleitoral.
Como fundador do PT, da CUT e do
Sindicato dos Vigilantes, duas vezes deputado federal, duas vezes
distrital, engajado em todas as lutas sociais e em defesa da democracia,
entendo que o melhor que o PT pode fazer pelo DF e pelo Governo para o
qual trabalhou para eleger, é buscar a sua unidade em torno de um
projeto comum. Por isso, faço um apelo à razão para que cessem esse
processo e que possamos dar sustentação ao governo do companheiro Agnelo
Queiroz e da presidenta Dilma Rousseff.
Conclamo a todos para um processo de unidade partidária!
De minha parte, não me afastarei sob nenhuma hipótese, da articulação Unidade na Luta.
Chico Vigilante
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