Pacientes esperam anos por cirurgias em hospitais do SUS
Cerca de 800 paciente aguardam por transplantes no Estado
A
demora na realização da cirurgia eletiva pode resultar em sérios
problemas ao paciente e alterar o quadro para alta e média
complexidades. Em Belém, pacientes amargam há anos na fila de espera de
hospitais que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O garoto,
Roberto Paraguassu, de 11 anos, é um dos exemplos. Ele aguarda pela
cirurgia na glândula tireóide. 'Meu filho tem um problema de glândula
tireóide, já foi realizado o procedimento pré-operatório, porém, aguarda
a cirurgia, desde o início de janeiro de 2011, no Hospital João de
Barros Barreto, da Universidade Federal do Pará (UFPA), mas até agora
nada. Já fui ao hospital várias vezes, mas não há resultados. À época, a
médica disse que a situação dele era para operação, e, se não fosse
feita a cirurgia, poderia gerar um câncer na garganta', explicou a mãe
de Roberto, Márcia Penha.
O
deficiente auditivo José Luiz Miranda Alcântara, 40 anos, também sofre
esperando pela cirurgia eletiva. Ele sofre de cálculo renal há dois anos
e sete meses. Metade desse tempo, José aguarda pela liberação da
Central de Regulação da Secretaria Municipal de Saúde (Sesma) para
submeter-se a cirurgia de pedra no rim esquerdo. Ele é paciente em uma
clínica particular conveniada ao SUS, na travessa Dom Romualdo de
Seixas, 1942, no Umarizal.
'Meu
genro é diabético também e já tratou da doença para fazer a cirurgia do
rim. Ele está com todos os exames pré-operatórios aprovados pelo médico
da clínica, mas até hoje não é chamado. O médico viu no exame que a
pedra está grande, precisa operar, mas falou que não pode fazer nada se a
Central da Sesma não liberar a cirurgia', falou a sogra do paciente que
o acompanha sempre.
Ainda
segundo a sogra de José, os funcionários da clínica disseram que não
podiam fazer nada e que, além dele, há centenas de pessoas na mesma
situação. 'Na semana passada, foi maior tumulto na clínica, porque os
pacientes queriam soluções. Coitado do meu genro. Ele sente dores na
barriga, pernas e costas, já emagreceu muito. A gente não sabe mais o
que fazer', desamparada, disse a sogra.
Depressão - Durante
o tempo de espera, a mãe de Roberto Paraguassu, contou que o menino tem
vazamento de secreção amarela (pus) em consequência da infecção e furo
externo na garganta e mau hálito, o que prejudica a interação social.
'Ele quase não sai para brincar e enfrenta problemas de ir à escola
porque sente vergonha dos colegas, chora, fica deprimido. Essa demora é
uma falta de respeito', desabafou a mãe.
O
diretor geral do Barros Barreto, Eduardo Leitão, disse que a demora no
atendimento de Roberto é devido à pequena quantidade de médicos na área
de cabeça e pescoço. 'Tínhamos dois médicos e conseguimos mais um a
partir deste mês, mas ainda não é suficiente', disse o médico, que falou
ainda da baixa estrutura do hospital. Ele adiantou, porém, que ainda
hoje, Roberto será avaliado para definição do diagnóstico e tratamento.
Sobre
o caso de Luiz Miranda, a diretora de Central de Regulação da
Secretaria, Ana Conceição Bezerra, disse que não visualizou o nome dele
na Central, mas que vai solicitar informações do paciente junto à
clínica particular.
Oitocentos esperam por transplantes
Oitocentas
e quarenta pessoas estão na fila de espera por um transplante de rim no
Pará. No ano passado, o Hospital Ofir Loyola (HOL) realizou apenas 45
cirurgias deste tipo. Referência em transplantes de órgãos procedentes
de doadores já mortos, o hospital realizou apenas 433 transplantes de
rim desde que foi habilitado para fazer o procedimento, em 1999. O
principal problema seria a falta de informação a respeito da doação. De
acordo com a médica chefe da Nefrologia do HOL, Silvia Cruz, a recusa
das famílias em autorizar a doação de órgãos no Estado chega a 34%.
'O
Pará tem uma média de apenas três doadores por um milhão. Em estados
como Santa Catarina e São Paulo essa média é de 22 por um milhão',
declarou a médica, lembrando que os hospitais têm equipes especializadas
na abordagem às famílias para a captação de órgãos. Ainda assim,
conseguir a autorização não é fácil. 'Você não pode chegar até a família
de qualquer jeito porque ele está um momento crítico e ainda chega
alguém pedindo para fazer a doação. Por isso os hospitais têm pessoal
treinado para essa abordagem', destacou. A saída seria a realização de
campanhas educativas para esclarecer a população sobre a importância da
doação.
Fonte: Jornal Amazônia
As imagens appresentadas aqui não fazem parte da matéria original e são de livre escolha do Blog
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