(HD) - A informação de que 35.000 aparelhos
celulares foram apreendidos dentro de presídios, no Brasil, no ano passado, é
estarrecedora.
Milhares de presos tiveram acesso à
comunicação externa, a fim de encomendar homicídios, simular seqüestros, extorquir.
Pelo que ela diz, estão envolvidos na transgressão alguns dos que ali se
encontram, pagos pelo Estado, para, entre outras tarefas, impedir a entrada de
drogas, bebidas e telefones móveis.
Ninguém nos pode convencer, em um país no
qual até mesmo crianças são revistadas ao entrar em um presídio para visitar
parentes - e mesmo intimamente revistadas - que esses 35.000 celulares
apareceram do lado de dentro das grades sem a participação e, no mínimo, a conivência, de agentes penitenciários e
outros funcionários que fazem parte da
banda podre do sistema prisional.
Todo mundo sabe que, além da revista feita
às famílias na entrada do presídio, os
presos são revistados à porta da cela, quando voltam do pátio ou da área de
visita. O preso tem que se desnudar, praticamente, e submeter-se ao famoso
“agachamento”. Isso é corriqueiro e usual. Uma vez que não há magia, nem aquilo
que a ficção científica descreve como teletransporte,
é impossível acreditar que os celulares surjam dentro dos presídios, sem a
participação de funcionários.
Esse
e outros graves problemas seriam resolvidos se o Ministério Público - com a
colaboração das autoridades do sistema prisional e da polícia de cada estado -
colocasse câmeras com monitoramento externo, operado pelos seus servidores, e
supervisionado pelos procuradores, para controlar não apenas os presos, mas
também o comportamento dos funcionários e carcereiros.
Isso
acabaria com a corrupção e os abusos, e inibiria disputas e rebeliões, ajudando
a identificar seus líderes com uma tecnologia que está, hoje, plenamente
acessível, e que custaria uma fração do que se gasta, mensalmente com os reclusos.
Essa vigilância, em primeiro lugar, asseguraria a incolumidade dos prisioneiros,
que é responsabilidade do Estado. E protegeria os detentos mais frágeis contra
qualquer tipo de violência dos mais fortes.
Colocar bloqueadores de sinal de celular
em volta das cadeias, ao preço de milhões de reais, é como enxugar gelo.
Equivale à troca do sofá da sala pelo cônjuge que está sendo traído. É a
confissão pública de que não se consegue ter um mínimo de controle sobre o
sistema prisional.
Agora, só falta colocar a culpa desses milhares de celulares na conta dos gatos, como o
felino que capturaram outro dia em Arapiraca, em Alagoas, tentando voltar para
a cela em que havia sido criado, com uma serra e um celular, amarrados ao
corpo.
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