Cicero em atividade em Cambahyba. A Justiça é uma das suspeitas do crime____________________________________________________
Da Página do MST - Leia a íntegra em : http://www.mst.org.br/content/autoridades-lamentam-assassinato-de-coordenador-
A
secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o
Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária (Incra) lamentaram o assassinato do
coordenador do MST Cícero Guedes e condenaram a violência do latifúndio,
em Campos dos Goytacazes, no norte do Estado do Rio de Janeiro.
Cícero
foi executado com 12 tiros na cabeça, na sexta-feira (25/1), em uma
emboscada quando saia de uma reunião no acampamento de bicicleta.
Nascido em Alagoas, ele foi cortador de cana e coordenava a ocupação do
MST na Usina Cambahyba, um complexo de sete fazendas que totaliza 3.500
hectares.
O enterro foi realizado na tarde de domingo, no cemitério
Campo da Paz. Estiveram presentes além de familiares, militantes do MST e
assentados na região. Carlos Guedes, presidente do Incra, Marcelo
Freixo, deputado estadual, e Dom Roberto Francisco Ferreira Paz, bispo
de Campos, também acompanharam o velório.
Os órgãos do governo
federal responsabilizam o Poder Judiciário pela lentidão para a criação
do assentamento. Apenas em agosto de 2012, depois de 14 anos de uma
disputa judicial, a Justiça autorizou o Incra a dar prosseguimento à
desapropriação das fazendas.
“A situação de disputa fundiária na
região entre Campos dos Goytacazes e São João da Barra tem sido agravada
pela morosidade na tramitação de processos judiciais que envolvem
imóveis considerados improdutivos e, portanto, passíveis de
desapropriação para a reforma agrária”, afirmou a ministra da secretaria
de Direitos Humanos da Presidência, Maria do Rosário.
“O caso
específico da ocupação liderada por Cícero é bastante ilustrativo: o
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária havia determinado,
há 14 anos, a desapropriação das fazendas que compõem a Usina Cambahyba.
Mas só em agosto de 2012 a Justiça autorizou que a autarquia federal
desse prosseguimento à desapropriação dos imóveis”, afirmou a ministra.
Cicero morreu com 12 tiiros na cabeça |
“O
Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra lamentam a morte de
Cícero Guedes dos Santos. Assim que tomaram conhecimento do fato,
entraram em contato com autoridades competentes solicitando prioridade
nas investigações para elucidar a motivação e a punição dos responsáveis
por esse bárbaro crime”, cobraram em nota os órgãis da Reforma Agrária.
O
deputado estadual Marcelo Freixo, presidente da Comissão dos Direitos
Humanos da Assembleia Legislativa do Rio, acredita que Cícero foi
executado em um crime político. “Existe um suspeito e tudo indica que
foi execução, pois todos os pertences da vítima estavam no local. A
região é de muitos conflitos pela grande quantidade de terra. Acredito
em crime político”, disse.
“A morte é o sinal da incapacidade dos
poderes em ver o que esta tão visível,a impunidade. É covardia não
fazer a Reforma Agrária, mais covardia ainda é não punir os assassinos e
mais ainda é permitir a lentidão da máquina publica em não realizar a
sua parte levando os trabalhadores a morte. Cada um tem um pedaço da
culpa. Reagir é necessário, vamos combater os crimes da Reforma Agraria,
um dos caminhos é fazendo-a”, avalia Maria de Oliveira,
ex-superintendente do Incra em Pernambuco e diretora técnica do Iterpe
(Instituto de Terras e Reforma Agrária de Pernambuco).
“Enquanto o
Estado Brasileiro não fizer a Reforma Agrária, não tomar uma atitude com
relação a concentração de terras, o povo brasileiro, e principalmente
os que lutam de forma organizada, continuam morrendo por meio das mãos
do poder. Não temos como chegar a paz no Campo sem a Reforma Agraria”,
afirmou Oliveira.
Para o professor da Universidade do Estado do Rio
de Janeiro (UERJ) Marcos Antonio Pedlowski, os movimentos sociais devem
exigir a apuração e a prisão dos assassinos, além de continuar o
esforço organizativo. “Cícero é mais um morto pelos que se opõem à
Reforma Agrária e às transformações estruturais que precisamos no
Brasil”, acredita o professor.
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