(HD)- A ciência prolonga a vida dos homens; a economia
liberal recomenda que morram a tempo de salvar os orçamentos. O Ministro das
Finanças do Japão, Taso Aro, deu um conselho aos idosos: tratem logo de morrer,
a fim de resolver o problema da previdência social.
Este é um dos paradoxos da vida
moderna. Estamos vivendo mais, e, é claro, com menos saúde nos anos finais da
existência. Mas, nem por isso, temos que ser levados à morte. Para resolver
esse e outros desajustes da vida moderna, teríamos que partir para outra forma
de sociedade, e substituir a razão do “êxito” e da riqueza pela ética da
solidariedade.
Ocorre que nem era necessário que
esse senhor Taso Aro (á esquerda da foto ao lado de george Bush ) – que, em outra ocasião, ofereceu o Japão como território
seguro para os judeus ricos do mundo inteiro – expusesse essa apologia da
morte. A civilização de nosso tempo, baseada no egoísmo, com a economia
servidora dos lucros e dos ricos, e, sobretudo, dos banqueiros, é, em si mesma,
suicida.
É claro que, ao convidar os velhos
japoneses a que morram, Aro não se refere aos milionários e multimilionários de
seu país. Esses dispensam, no dispendioso custeio de sua longevidade, os
recursos da Previdência Social e dos serviços oficiais de saúde de seu país.
Todos eles têm a sua velhice assegurada pelos infindáveis rendimentos de seu
patrimônio.
Os que devem morrer são os outros, os que
passaram a vida inteira trabalhando para o enriquecimento das grandes empresas
japonesas e multinacionais. Na mentalidade dos poderosos e dos políticos ao seu
serviço, os homens não passam de máquinas, que só devem ser mantidos enquanto
produzem, de acordo com os manuais de desempenho ótimo. Aso, em outra ocasião,
disse que os idosos são senis, e que devem, eles mesmos, de cuidar de sua
saúde.
Não podemos, no entanto, ver esse
desatino apenas no comportamento do ministro japonês, nem em alguns de seus
colegas, que têm espantado o mundo com declarações estapafúrdias. O nível
intelectual e ético dos dirigentes do mundo moderno vem decaindo velozmente nas
últimas décadas. Não há mistério nisso. Os verdadeiros donos do mundo sabem
escolher seus serviçais e coloca-los no comando dos estados nacionais.
São eles, que, mediante o Clube de Bielderbeg
e outros centros internacionais desse mesmo poder, decidem como estabelecer
suas feitorias em todos os continentes, promovendo a ascensão dos melhores
vassalos, aos quais premiam, não só com o governo, mas, também, com as sobras
de seu banquete, em que são servidos, além do caviar e do champanhe, o petróleo
e os minérios, as concessões
ferroviárias e nos modernos e mais rendosos negócios, como os das
telecomunicações.
A civilização que conhecemos tem
seus dias contados, se não escapar desses cem tiranos que se revezam no domínio
do mundo.
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