O MViva!, espaço aberto, independente, progressista e democrático, que pretende tornar-se um fórum permanente de ideias e discussões, onde assuntos relacionados a conjuntura política, arte, cultura, meio ambiente, ética e outros, sejam a expressão consciente de todos aqueles simpatizantes, militantes, estudantes e trabalhadores que acreditam e reconhecem-se coadjuvantes na construção de um mundo novo da vanguarda de um socialismo moderno e humanista.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

EL COMANDANTE OSVALDÃO: O TEMIDO GUERRILHEIRO NEGRO DO ARAGUAIA



 11 de abril: 39 anos do início da Guerrilha do Araguaia -

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidZF6hK1QvVVS-ZgoxtogRRmslRyTVNWXjuG24uQv6bLuYvAag2B3pu1oWHS6YLOM96BKMbMiadkEDtxE_6iYpjWt7164lfPgt2nk4sySc01RYQTLWK3h2ZQ5yV5Gls9yKupVXgQDNud_E/s1600/GuerrilhaBrasilAraguaia6565.jpg.
Em meados dos anos de 1960 os primeiros militantes do PCdoB – Partido Comunista do Brasil começaram a ser deslocados para a região sul do Pará, conhecida popularmente como "Bico do Papagaio". Dezenas de militantes revolucionários oriundos de diversas regiões do país combateram nas selvas do sul do Pará, uniram-se aos camponeses e à população da região e deram início a luta armada revolucionária fazendo retumbar em todo o país e no exterior a deflagração da luta armada em 11 de abril de 1972.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKhldUNuw4snxvQUUXxURNGtXuZhOPVHZLsFXLwAenSsKkrrK6CajaDRPGtmszGcL_WZgGP-2Ao3hRp2sccYu8hjkFOU8BH4S1oe9AwMvTugbUIG-yby7aTHD3is2U6oUP3iuEjRppBLg/s1600/guerrilha-do-araguaia-Jos%25C3%25A9Ant%25C3%25B4niodeSouzaPerez-arquivo-pessoal.jpg.
"Durante mais de dois anos travou-se renhida luta. O exército realizou três grandes e aparatosas campanhas, em conjunto com a Aeronáutica, a Marinha e a Polícia Militar, contando com armamentos modernos e vastos recursos materiais. 
http://telacrente.org/wp-content/uploads/2010/10/guerrilha-do-araguaia.jpg
Na primeira – em abril/junho de 1972 – pôs em ação 5 mil homens; na segunda – em setembro/novembro de 1972 – empregou 15 mil homens; na terceira, de outubro de 1973 a maio de 1974, mobilizou de 5 a 6 mil soldados" [do documento Gloriosa jornada de luta, 1976].
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhO7HpJV7vdsu7-ozi3rkRs1GcugLN4KBYZg-Z9OYthC-Rq1sLLPLotDtmcOsAauN4J1Rr2cP1MfjqQCqOWBOC4qKvSuauTZbnA99yJCtRwAVwuVJS2javZw4CiGlPt6zZVHBJ-AnIphwo/s1600/juazeiro.jpg
A ditadura se assustou com a guerrilha

Quase todos os guerrilheiros do Araguaia tombaram em combate. Entre eles, elevava-se, não somente pelos seus quase dois metros de altura, mas pelas suas qualidades de combatente, sua firmeza de comunista e sua indestrutível ligação com as massas camponesas e ribeirinhas, o comandante do destacamento B, Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão.
http://spiritosanto.files.wordpress.com/2011/03/1196634374_osvaldao_1.jpg
Osvaldo Orlando da Costa, filho de José Orlando da Costa e Rita Orlando dos Santos, nasceu em 27 de abril de 1938, em Passa Quatro, Minas Gerais.

Entre 1952 e 1954 morou em São Paulo, onde fez o Curso Industrial Básico de Cerâmica, o que lhe assegurou a condição de artífice em cerâmica. Mudou-se para o Rio de Janeiro, onde diplomou-se em técnico de construção de máquinas e motores pela Escola Técnica Federal no ano de 1958. Nesse período, participou ativamente das lutas estudantis.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj22uzjQ2Tf_QtdqKe7ZJWh8Gg5hNel4puJ2Yp1HEXCyMyhjklTgE5T6K64YOZdQNVFSrgp0ltSdb7HIzStCPVCmZZJtF7yVQT3LpXMq2sS3U1vXG4ksNC1rDSljg8L3miJCo41tQ3Vs-8O/s400/osvaldao.jpg

Osvaldo Orlando, do alto de seus 1,98 metros de altura, pesando cem quilos e com seus sapatos número 48 fazia parte da equipe de boxe do Botafogo, e foi campeão competindo pelo time.

Também tornou-se oficial da reserva do exército brasileiro, após servir no CPOR/RJ.
http://epoca.globo.com/edic/302/editor1.jpg.

Ingressou no Partido Comunista do Brasil – PCdoB.

Em Praga, Checoslováquia, formou-se em engenharia de minas.
http://t1.gstatic.com/images?q=tbn:ANd9GcTTZx_FJgHBKCjAsVwYxMuc-GgGe6y2y-9HNDMUOnjJT3I8keJN5A&t=1
Osvaldão foi um dos primeiros militantes do PCdoB a chegar à região do Araguaia, por volta dos anos de 1966-67 e tinha a tarefa de criar condições para a chegada de novos militantes e mapear a área. Embrenhou-se nas matas e percorreu os rios se apresentando como garimpeiro e mariscador. 
http://www.igrejainternacional.com/wp-content/uploads/2010/08/guerrilla.jpg .
Tornou-se rapidamente conhecido e amigo dos camponeses, participou de caçadas e pescarias, trabalhou na roça, tornou-se grande conhecedor das matas. Em 1969, passou a viver na margem do rio Gameleira.

http://movebr.wdfiles.com/local--files/bio%3Ateixeiraacm/antonioedina.jpg
Guerrilheira Dina no front
Foi comandante do destacamento B e dirigiu vários combates. Foi, ao lado de Dina (Dinalva Conceição Oliveira), o mais conhecido e respeitado guerrilheiro entre a população do Araguaia. Ele fazia parte do contingente guerrilheiro que rompeu exitosamente o cerco militar quando atacado por um grande número de tropas do exército em 25 de dezembro de 1973.
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhArC79tQftUUilWNK4qBqg_gYjxNODcF-e2IGB-SMPOZqagScVY5E2ZygfLXo_F-arI0Mb_sTug6W-vGbo850sZ4sKzJUFyGkwgId_emuOuxcyxifGmhJzRuy3uWgKhRMqJz33GK8yzuGK/s400/guerrilha-do-araguaia.jpg.
Segundo depoimentos de moradores da região, ele foi morto em abril de 1974, perto da localidade de São Domingos, próximo à Semana Santa. Foi ferido com um tiro de espingarda 22 na barriga disparado por Piauí, um bate-pau que fez isto por dinheiro. Em seguida foi fuzilado pelos militares. 

Seu corpo foi dependurado por cordas em um helicóptero que o levou de Saranzal, local onde foi morto, até o acampamento militar de Bacaba e de lá para Xambioá. Quando seu corpo foi içado pelo helicóptero, caiu e quebrou o pé esquerdo. Posteriormente sua cabeça foi decepada e exposta em público. 
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgPyM0pCn-1MLXsxWcDO4bWRyXv8CysqFd39qWwD_O6Zuhlm3n2BjqZt3lrTYJiAwdpQbUkq-ljrewnENUjMscUrSjsseTf4qMpqorHFSYf5TC4kRDhZ5HcOZCcFOSf3kxo7rXW22FYbyTn/s320/Embarque-e-Desembarque.jpg.
Na base militar de Xambioá, seu cadáver foi mutilado por chutes, pedradas e pauladas dadas pelos militares e, finalmente, queimado e jogado no buraco, também chamado de "Vietnam" – vala situada ao final da pista de aterrizagem da Base Militar de Xambioá onde eram jogados os mortos e os moribundos. Com o término das operações militares nesta área, foi feita uma grande terraplanagem, que descaracterizou o local.
http://lh3.ggpht.com/pr.lopes/SM9hJ8oUf9I/AAAAAAAADkA/zAi8D2_yhTE/araguaiajpg_thumb%5B4%5D.png
Os depoimentos colhidos pelos familiares nas diversas vezes que estiveram na região e as informações de jornais são coincidentes e se complementam.

O Relatório do Ministério do Exército diz que "foi morto em 7/fev/74". [Dossiê dos mortos e desaparecidos políticos a partir de 1964, Companhia Editora de Pernambuco, 1995]

Em seu artigo O pugilista vermelho, Rui Moura narra duas das histórias que imortalizaram o guerrilheiro Osvaldão na memória da população do Araguaia:

"Um grileiro foi ameaçar tirar a terra de Osvaldão e acordou, na sua casa, com o cano de um 38 cutucando seu rosto e a ordem, dada por ‘um negrão de quase dois metros de altura e com dois braços que pareciam duas pernas’, segundo descrição dos que o conheceram:

— Em vez de você ficar com minha terra, você dá a sua a uma família muito necessitada. A família já está aí, esperando. Vou lhe levar até a rodoviária e você não aparece mais aqui, senão morre. E se achar ruim morre agora que fica mais fácil...

O grileiro saiu com a surpresa de encontrar os novos proprietários e mais de 30 pessoas das redondezas que aplaudiam a atitude de seu Osvaldão, homem justo."

E outra:

"Estando de passagem em casa de uma família camponesa, encontrou a mulher desesperada porque não tinha dinheiro para comprar comida para seus filhos. Era uma casa pobre. Não tinham nada. Osvaldo perguntou-lhe se queria vender o cachorro. A mulher, sem outra alternativa, disse que sim. Tanto ela como Osvaldo sabiam o que significava a perda do cão: mais fome, pois na região, sem cachorro e arma é difícil conseguir caça. Osvaldão pagou-lhe o preço do cão e, a seguir, disse-lhe: guarde-o para mim que eu não poderei levá-lo para casa agora."

Fonte:Nova Democracia

Nenhum comentário:

Postar um comentário