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sábado, 30 de abril de 2011

A REPÚBLICA INGLESA, BERÇO DA REVOLUÇÃO BURGUESA

Os que estão embasbacados com o casamento real nem sequer imaginam, mas a Inglaterra já foi uma república, berço da primeira revolução burguesa do Ocidente. Seu principal líder foi Oliver Cromwell (1599-1658), uma espécie de Robespierre e Napoleão avant la lettre, só que inglês. Ele criou um exército para lutar ao lado das forças do Parlamento contra o rei Charles I na guerra civil que deu origem à Revolução Inglesa de 1642. Embora Cromwell não tivesse nenhuma experiência militar até os 43 anos, ele criou e liderou uma poderosa força de cavalaria, os “Ironsides” e, em três anos, subiu da patente de capitão a tenente-general. Ele convenceu o Parlamento a estabelecer um exército profissional – o New Model Army – que ganhou as batalhas decisivas contra as forças do rei em Naseby (1645).


A monarquia foi abolida e proclamada a república. A aliança do rei com os escoceses e sua subsequente derrota na Segunda Guerra Civil convenceu Cromwell que o monarca deveria ser julgado. Ele teve um papel decisivo no julgamento e na execução de Charles I em 1649. Note-se que a sentença determinava a execução do rei de Inglaterra, ao contrário do que acontecerá no julgamento de Luís XVI, rei de França, em 1793, quando o ex-monarca será sempre referido como “cidadão Luís Capeto”. Conforme observou Cromwell na ocasião, “executaremos o rei com a coroa na cabeça”.

Oliver Cromwell
Na sequência, ele lutou para conquistar o apoio dos conservadores para a nova república por meio da supressão de elementos radicais do exército. Cromwell esmagou a resistência na Irlanda em 1649 e depois derrotou as forças que apoiavam o filho de Charles I, Charles II, o que acabou com a guerra civil. Em 1653, frustrado com a falta de progresso político, Cromwell dissolveu o Parlamento e autonomeou-se “Lord Protector”.

Em 1657, foi lhe ofereciada a coroa de rei, mas ele recusou. Organizou a igreja nacional (anglicana), estabeleceu o domínio dos puritanos, readmitiu os judeus no país e instaurou um relativo grau de tolerância religiosa. Cronwell morreu em 3 de setembro de 1658 em Londres. Depois da Restauração monárquica, seu corpo foi desenterrado e enforcado. É, os monarquistas não perdoam... 

Charles I insultado por soldados de Cromwell, de Paul Delaroche

“O que caracteriza a Revolução Inglesa é que pela primeira vez na história, um rei ungido foi julgado por faltar à palavra dada a seus súditos e decapitado em público, sendo seu cargo abolido. Aboliu-se a Igreja estabelecida, suas propriedades foram confiscadas e se proclamou - e inclusive se exigiu - uma tolerância religiosa bastante ampla para todas as formas do protestantismo. Por um breve espaço de tempo, e provavelmente pela primeira vez, apareceu no cenário da história um grupo de homens que falavam de liberdade, não de liberdades: de igualdade, não de privilégios; de fraternidade, não de submissão. Estas idéias haveriam de viver e reviver em outras sociedades e em outras épocas. Em 1647, o puritano John Davenport predisse com misteriosa exatidão que "a luz que acabava de ser descoberta na Inglaterra... jamais se extinguirá por completo, apesar de eu suspeitar que durante algum tempo prevalecerão idéias contrárias.

Ainda que a revolução fracassasse aparentemente, sobreviveram idéias de tolerância religiosa, limitações do poder executivo central a respeito da liberdade pessoal das classes proprietárias e uma política baseada no consentimento de um setor muito amplo da sociedade. Essas idéias reaparecerão nos escritos de John Locke e se consolidarão [...] com organizações partidárias bem desenvolvidas, com a transferência de amplos poderes ao Parlamento, com um Bill of Rights e um Toleration Act, e com a existência de um eleitorado assombrosamente numeroso, ativo e articulado. É precisamente por estas razões que a crise inglesa do século XVII pode aspirar a ser a primeira "Grande Revolução" na história mundial, e portanto, um acontecimento de importância fundamental na evolução da civilização ocidental.”


Lawrence Stone, A Revolução Inglesa 
 
Postado por Cláudio camargo

Um comentário:

  1. PRÊMIO JOÃO MARIA DE LIMA PAES VAI PARA ALUNA DA UFPA

    www.portal.ufpa.br/imprensa/noticia.php?cod=4374

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