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quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ENTREVISTA DE EDMÍLSON RODRIGUES PARA REVISTA ALVO



Por Timóteo Lopes
Em 2016, “a cidade das mangueiras” completa 400 anos de história. Mas, nem tudo é motivo de comemoração. Belém, que é também conhecida como a “metrópole da Amazônia”, corre o sério risco de perder esse título.
Os problemas são muitos e de todas as ordens: no trânsito, na saúde, na educação, na cultura, na geração de emprego e renda, no turismo, na economia e até mesmo na “simples” sacola de lixo encontrada nas ruas da capital paraense, diariamente, é possível observarmos as fragilidades do poder público municipal.
Belém do Pará
Em 2012, pouco mais de 1 milhão e 400 mil eleitores tem a chance de mudar essa história: para o bem, ou para o mal. A decisão está no voto popular, nas urnas, no próximo dia 07 de outubro. E para ajudar os eleitores de Belém, neste difícil exercício da democracia, a Revista Alvo preparou o Especial Eleições 2012.
Depois de 8 anos da sua gestão, como o senhor avalia Belém? O que o senhor pretende fazer se voltar a ser prefeito da cidade?
Belém está abandonada. A maioria dos investimentos que fizemos quando fui prefeito, como na saúde, no saneamento, na educação, na cultura, nos programas sociais e na participação popular, foram abandonados. Há indícios de corrupção, apontados pelo Ministério Público Estadual e Federal. A meta é retomar o trabalho que foi abandonado, com destaque ao Bolsa Escola de um salário mínimo, ao Família Saudável, que presta atendimento de saúde domiciliar e à manutenção dos bueiros, galerias e canais para evitar alagamentos. Além disso, vamos concluir as obras da atual gestão, como o BRT e o projeto Orla, e avançar no combate ao analfabetismo e o acesso à água. Mas, o mais importante é voltar a governar com o povo e com inversão de prioridades, atendendo ao princípio chave do meu governo: o protagonismo popular.
O que o senhor fez quando foi prefeito de Belém, candidato?
Ao final do mandato de prefeito, deixei o Família Saudável com 98 equipes completas com os profissionais necessários, cobrindo mais de 40% da população. Mas hoje, tem menos de 40 e ainda incompletas, faltam médicos, e a cobertura caiu para 16%. Vamos recompor as equipes e ampliá-las. As unidades de saúde voltarão a funcionar 24 horas, sem faltar remédios e médicos. Os Prontos-Socorros Municipais serão reestruturados. Construiremos o PSM da Sacramenta e o Hospital Geral Municipal de Retaguarda com várias especialidades. No trânsito, daremos continuidade ao BRT; reforçaremos a sinalização, iluminação pública as ações de educação, prevenção e fiscalização do trânsito; construiremos vias e ciclovias; expandiremos a pavimentação com drenagem de vias; vamos quebrar os monopólios de empresas para itinerários exclusivos, em que a maioria da população não tem acesso; e incentivaremos o transporte fluvial.
O que o senhor pretende fazer pela educação?
É necessária uma educação pública de qualidade. Para nós será muito importante erradicarmos o analfabetismo e prevenirmos a evasão escolar. Vamos construir novas unidades de educação infantil e abrir creches com berçário para crianças a partir de dois meses de idade, ampliando as vagas; implantar a escola de tempo integral e o atendimento educacional nas ilhas combinado com as oportunidades de trabalho nessas localidades; universalizar o ensino fundamental; fortalecer o Conselho Municipal de Educação; implantar a gestão de democrática na educação; garantir a merenda escolar de qualidade e investir na formação e valorização dos educadores.
Quais serão as prioridades do seu governo?
Algumas prioridades, de atendimento imediato, são: o Bolsa Escola, Família Saudável, limpeza de canais e bueiros, intensificação da coleta de lixo nas ruas, retomada dos projetos Escola Circo e Sementes do Amanhã e ampliação de vagas na educação infantil, especialmente creches por meio de convênios com instituições sociais que já realizem um trabalho sério com as comunidades. Em médio prazo, vamos investir em obras de pavimentação com drenagem em várias ruas, construção dos hospitais, dos Centros Esportivos e Culturais Cabanos nos distritos, reestruturação do Sistema de Abastecimento de Água e Esgoto de Belém (SAAEB), instalação de sistemas de abastecimento de água e esgoto em Mosqueiro, Outeiro, Icoaraci e ilhas, ampliação da rede de ensino fundamental, a retomada da alfabetização massiva de adultos e a volta do projeto de biorremediação (tratamento adequado do lixo) no Aterro do Aurá. Já em longo prazo, temos a meta audaciosa de zerar o analfabetismo em Belém e de caminhar para a universalização do acesso à água.
De acordo com a última pesquisa do IBOPE*, o senhor tem 47% das intenções de voto. Acredita que pode ganhar as eleições ainda no 1° turno?
Sabemos que vencer no primeiro turno é possível. Apesar das pesquisas me apontarem na liderança das intenções de voto, com uma larga vantagem em relação aos demais candidatos, nós temos encarado isso com humildade. Estamos trabalhando para que a vitória se concretize.
Candidato, o PSOL (Partido Socialismo e Liberdade) é o partido com mais candidatos a prefeito nas capitais do país, apesar do pouco tempo de vida e do menor número de parlamentares em cargos políticos, atualmente. O senhor acredita que o PSOL está realmente preparado para governar a cidade, sem alianças e/ou coligações com outros partidos? De certa forma, essa questão não pode prejudicar o seu mandato, caso venha a se tornar mais uma vez prefeito de Belém?
Meu trabalho como gestor municipal é reconhecido e serve de referência. Fui vencedor de mais de 50 prêmios nacionais e internacionais em reconhecimento às boas práticas de gestão, com destaque ao “Prefeito Criança”, que me foi concedido três vezes, pela Organização das Nações Unidas (ONU). O povo lembra com carinho das ações desenvolvidas no meu mandato. O PSOL é um partido novo, como os demais já o foram, um dia. Isso não é problema. Temos os parlamentares reconhecidos como os melhores e mais atuantes do país. Quando fui prefeito, mesmo sendo de esquerda, e tendo os governos estadual e federal do PSDB, soube dialogar com todas as forças políticas e conseguir os recursos necessários para conseguir recursos e realizar grandes obras em Belém.
Obrigado pela entrevista. Boa sorte, candidato!
A pesquisa foi realizada entre os dias 28 e 30 de agosto de 2012. Foram entrevistadas 602 pessoas na cidade de Belém, capital do Estado. A margem de erro é 4 pontos percentuais, para mais ou para menos. A pesquisa está registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PA), sob o número 00061/2012 e foi encomendada pela TV Liberal/afiliada Rede Globo. Até o fechamento desta edição esta foi a última pesquisa divulgada pelo IBOPE.

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