E eis que aparece Mao Tse Tung em cartazes na China, em manifestações contra o Japão no rastro de disputas em torno de ilhas.
Numa reportagem de uma emissora chinesa, vejo uma jovem manifestante
que diz: “Aprendemos com o Mao que temos que defender nossa pátria
quando somos atacados”.
Não sou e nunca fui maoísta.
Isso não me impede de reconhecer, naquilo que a garota falou, a
contribuição milionária de Mao à China: a defesa firme diante de
ataques.
Os chineses têm uma cultura soberba, alicerçada em dois sábios de 2
500 anos atrás, Confúcio e em Lao Tsé. Confúcio jamais falou em guerra. E
Lao Tsé disse uma frase muito citada: “O melhor guerreiro muitas vezes é
aquele que não luta”.
Isso explica, em grande parte, a facilidade com que a China foi
derrotada – e espoliada – pela Inglaterra no século 19, nas vergonhosas
Guerras do Ópio. Nelas, sob o pretexto de promover o livre mercado, os
ingleses obrigaram os chineses a aceitar que o ópio produzido na Índia
fosse vendido sem restrições na China.
Isso explica, também, a quase passividade chinesa nos anos 1930
quando o Japão, com pretensões expansionistas, tomou um grande pedaço da
China com o uso de extrema violência. Até armas químicas, já proibidas
por leis internacionais, foram empregadas pelos japoneses contra a
China.
Quem rompeu com a cultura da inação foi Mao Tsetung, quando tomou o
poder na China em 1949. Mao colocou para fora os invasores ocidentais, e
jamais se curvou à Rússia comunista com suas pretensões hegemônicas.
Sem Mao, a China estaria ainda hoje fatiada entre as potências
ocidentais. Apenas para lembrar: nas Guerras do Ópio a Inglaterra não
apenas impôs a droga como ainda acabou tomando para si Hong Kong, só
devolvida há poucos anos.
Na mídia chinesa, leio com frequência editoriais que mostram que os
líderes do país têm consciência de que os Estados Unidos podem, a
qualquer momento, criar um pretexto para devolver pelas armas a China à
periferia. Por isso o país tem investido na defesa.
O melhor guerreiro é o que não luta é uma frase perfeita para um
mundo perfeito. Mas este em que vivemos está longe de ser perfeito.
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