Reuters
O Irã está sob a ameaça de ação militar por parte de
"sionistas incivilizados", disse nesta quarta-feira o presidente
iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, em uma referência clara a Israel. Segundo
ele, ameaças desse tipo feitas pelas grandes potências têm como
objetivo forçar a submissão dos países.
"A ameaça contínua dos sionistas incivilizados de recorrer à ação
militar contra a nossa grande nação é um exemplo claro dessa realidade
cruel", disse Ahmadinejad em um discurso de 33 minutos à
Assembleia-Geral da ONU.
Israel e Estados Unidos recusam-se a descartar a possibilidade de um ataque contra as instalações nucleares do Irã, que o Ocidente suspeita que tenham como objetivo produzir bombas nucleares. O governo iraniano afirma que elas têm finalidades pacíficas.
Essa foi a oitava participação do presidente iraniano na assembleia
das 193 nações e deverá ser a sua última, uma vez que seu segundo e
último mandato termina no ano que vem. O discurso coincidiu com o
feriado judaico do Yom Kippur, um dos dias mais sagrados do calendário
judaico.
O discurso de Ahmadinejad mencionou questões suscitadas em suas
participações anteriores na ONU, sugerindo que deveria haver uma "equipe
independente de investigação" para descobrir a "verdade" por trás dos
ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA. Ele também reclamou das
"políticas e ações hegemônicas do sionismo mundial".
Ahmadinejad afirmou durante a semana que Israel mais cedo ou mais
tarde será "eliminado". Essa declaração, não repetida na quarta-feira,
enfureceu Israel e os EUA.
A missão norte-americana na ONU informou que a sua delegação não assistiu ao discurso do presidente iraniano. Ahmadinejad falou um dia depois de o presidente dos EUA, Barack Obama, dizer à Assembleia-Geral que o governo norte-americano fará o que for necessário para evitar que Teerã obtenha armas nucleares.
Ahmadinejad também criticou a "atual ordem mundial opressiva", na qual a "pobreza é imposta às nações e as ambições e as metas das potências são buscadas seja por meio de artifícios ou pelo recurso à força".
"A situação abissal atual do mundo e os incidentes amargos da história se devem principalmente ao gerenciamento errôneo do mundo e dos autoproclamados centros de poder que se entregaram ao diabo", afirmou.
No que pareceu ser um chamado para uma nova ordem mundial com base na
justiça e não pela dominação das grandes potências, ele afirmou que o
mundo estava fundado sobre o materialismo e carecia de valores morais.
"Não há dúvida de que o mundo precisa de uma nova ordem de uma forma
nova de pensar", afirmou Ahmadinejad, acrescentando que ela deveria ser
uma "ordem justa e clara na qual todos são iguais ante a lei e na qual
não há padrões duplos".
Ele disse que a autoridade deveria ser usada como uma dádiva sagrada,
"não como uma chance de acumular poder e riqueza".
(Reportagem de Arshad Mohammed e de Louis Charbonneau)
Nenhum comentário:
Postar um comentário