Sequestradores
Meses depois, a cooperação já era realidade. Em telegrama de 14 de
abril de 1970, o representante do Acnur em Bogotá alertava para uma
coordenação entre as diplomacias da região contra os militantes de
oposição, principalmente diante dos sequestros políticos que aumentavam.
"Recentes sequestros políticos no Brasil, na Argentina e na Guatemala e o trágico assassinato do embaixador Von Spreta vão provavelmente resultar em políticas muito mais restritivas de asilo para aqueles que eventualmente possam ser responsáveis por tais crimes", dizia. Naquele ano, grupos sequestraram embaixadores trocando-os por presos políticos.
"Recentes sequestros políticos no Brasil, na Argentina e na Guatemala e o trágico assassinato do embaixador Von Spreta vão provavelmente resultar em políticas muito mais restritivas de asilo para aqueles que eventualmente possam ser responsáveis por tais crimes", dizia. Naquele ano, grupos sequestraram embaixadores trocando-os por presos políticos.
Segundo o telegrama, um plano estava sendo costurado entre diplomatas
para fechar o cerco contra sequestradores e impedir que pudessem fazer a troca de embaixadores por militantes presos. Uma das propostas era um acordo para considerar "pessoas nas listas para trocas em um caso de sequestro como possíveis cúmplices no sequestro" - ou seja, seriam também consideradas criminosas e não poderiam ser trocadas.
para fechar o cerco contra sequestradores e impedir que pudessem fazer a troca de embaixadores por militantes presos. Uma das propostas era um acordo para considerar "pessoas nas listas para trocas em um caso de sequestro como possíveis cúmplices no sequestro" - ou seja, seriam também consideradas criminosas e não poderiam ser trocadas.
"Todos os países assumirão a obrigação de não dar asilo a qualquer
pessoa na lista de candidatos para serem trocados com sequestradores e
dar extradição imediata se um deles entrar em seus territórios", dizia o
texto. O Acnur previa naquele momento que México e Cuba rejeitariam
fazer parte do acordo.
Em um telegrama de 14 de fevereiro de 1978, a ONU alertava para a situação de um militante argentino exilado no Brasil - identificado apenas como Bevacqua -, detido na rua, em Porto Alegre, em uma verificação de papéis. Horas depois da prisão, ele morreria. Informações obtidas pela ONU com diplomatas americanos indicavam que a polícia queria evitar a suspeita de assassinato. Duas autópsias teriam sido feitas, mostrando que ele sofreu um "ataque cardíaco".
O Acnur não confiava na informação. "Outras fontes confiáveis expressaram dúvidas sobre essa versão (do ataque cardíaco), sugerindo que ele, um militante, possa ter se envenenado para evitar revelar fatos sob tortura", apontava o telegrama.
O Acnur dizia que a ação ocorre no momento em que havia sinais de que o principal grupo de oposição argentino, os Montoneros, tentava se reorganizar, usando o território brasileiro. Mas, diante desse incidente, a ONU também via outro fenômeno: "A inteligência militar argentina está ativa no Brasil".
JAMIL CHADE - Agência Estado.
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