O Brasil, maior país da América do Sul, pode se tornar uma super estrela econômica global no futuro, mas vai ter que parar de ser um gigante voltado para dentro, alerta artigo do jornal Miami Herald, assinado por Andres Oppenheimer e publicado no último sábado (23).
De
acordo com o texto, apesar do anúncio da presidente Dilma Rousseff na
semana passada de que o Brasil terá uma safra recorde de grãos neste
ano, as descobertas de petróleo do país, e a oportunidade única
que o Brasil vai ganhar com a realização da Copa do Mundo de 2014 e os
Jogos Olímpicos de 2016, recentes tendências de comércio não sinalizam
nada de bom para o país.
O Miami Herald destaca
que o Banco Mundial publicou um relatório na semana passada Intitulado
“O Penhasco da Competitividade Brasileira” que mostra que as exportações
brasileiras de alto valor industrial de bens não estão indo bem. Ele
diz que o Brasil está enfrentando "Desafios competitivos consideráveis.”
Tradução: o país está ficando para trás de outras potências emergentes.
De acordo com o jornal, o relatório, escrito pelos economistas
do Banco Mundial Otaviano Canuto, Matheus Cavallari e José Guilherme
Reis, diz que as exportações totais do Brasil mais do que dobraram nos
últimos anos, em grande parte graças a um acentuado aumento nos preços
mundiais de commodities. Mas isso é muito abaixo do desempenho das
exportações de outros grandes países emergentes, diz.
O
texto segue destacando o documento do Banco Mundial: o pior é que,
enquanto o Brasil é de longe o líder da América Latina em exportações de
alta tecnologia
- os aviões da Embraer, por exemplo, estão entre as aeronaves mais bem
vendidas do mundo, "há uma clara redução na parcela de alta tecnologia
nas exportações nos últimos anos, "diz o relatório do Banco Mundial.
A
participação das exportações de alta tecnologia caiu de 10,4 por cento
do total das exportações do Brasil em 2000, para 5 por cento em 2010.
Por outro lado, a participação do Brasil nas exportações de commodities –
principalmente nas vendas de soja para a China aumentou de 46 por cento
para 63 por cento no mesmo período, diz o relatório.
Em outras palavras, o Brasil tornou-se muito dependente de exportações de alimentos, e também dependente da China, destaca o Miami Herald.
Durante
a última década, as exportações de alta tecnologia do Brasil cresceram
um modesto 36 por cento, em comparação com alta tecnologia de
exportações de China e Índia, que aumentaram em 873 por cento e 389 por
cento respectivamente, diz o relatório.
Entre as razões por trás
do inexpressivo desempenho exportador do Brasil está a moeda
sobrevalorizada do país, o que torna os custos trabalhistas mais caros,
baixa produtividade, custos logísticos elevados, e uma burocracia
governamental enlouquecedora que aumenta os custos de fazer negócios,
diz o relatório.
"O governo brasileiro está muito consciente
destas questões, e está se movendo para corrigi-los", disse Canuto,
principal autor do relatório, em uma entrevista por telefone.
"Mas
é preciso agir rápido, porque os fatores de crescimento que funcionaram
bem para o país nos últimos anos têm se esgotado. “Os preços mundiais
das commodities não vão continuar crescendo como eles têm nos últimos 10
anos “, acrescentou.
De acordo com o jornal, outros economistas
vêem uma imagem mais clara, destacando que o crescimento econômico do
Brasil deve se recuperar de um anêmico 1 por cento no ano passado para
3,5 por cento este ano, e que o governo de Dilma Rousseff planeja novos
leilões de infra-estrutura para o setor privado que indica uma mudança
de políticas estadistas.
Além disso, segundo o jornal,
diferentemente da maioria de seus vizinhos, o Brasil está tomando
medidas sérias para combater a corrupção e melhorar os padrões de
educação. Rousseff lançou recentemente um plano brasileiro para enviar
100.000 graduados universitários para obter principalmente graduação em
ciências e engenharia em universidades norte-americanas e europeias.
Minha
opinião: Eu sou um grande fã de campanha contra a corrupção de Dilma
Rousseff, e de seus movimentos de internacionalização do sistema de
ensino superior do Brasil, bem como de seus programas sociais para os
pobres, diz o autor do texto.
Em quase todos os aspectos - exceto a
sua política externa, que permanece muito amigável com algumas das
piores ditaduras do mundo - O Brasil deve ser um modelo para os seus
vizinhos.
Mas o Brasil deve inserir-se mais rapidamente na
economia global. Numa época em que o mundo parece estar se movendo para
livre comércio entre mega-blocos, como a Parceria Transatlântica
anunciada em 12 fevereiro pelo presidente Barack Obama, que criaria um
bloco de livre comércio EUA - União Europeia, o Brasil não pode deixar
de ter livre acordos comerciais com os Estados Unidos, a União Europeia,
ou virtualmente qualquer outro bloco comercial livre fora do seu
bairro.
O artigo conclui afirmando que o Brasil não pode continuar
dependendo de seu consumo interno, nem sobre os preços sempre
crescentes de commodities. “Se ele não deixar de ser um gigante egoísta,
corre o risco de tornar-se um ex-poder emergente.”
Fonte: Jornal do Brasil
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