SERÁ QUE PEDRO TAQUES É O NOVO DEMÓSTENES?
Senador Pedro Taques (PDT-MT) baseou campanha a presidente do Senado em
reputação ilibada, mas denúncia de prevaricação, associação e
financiamento de campanha com recursos da chamada máfia dos combustíveis
de seu Estado, ligações profissionais de sua mulher com entidade de
donos de postos de gasolina, oposição ferrenha a programa de hidrovias e
condenação de seu ex-segurança como fraudador ainda não foram
suficientemente explicadas; será ele a versão 2013 do inesquecível
paladino da ética às avessas?
247 – Carregar a bandeira da moralidade absoluta não é para qualquer um.
O último que tentou fazer desse estandarte seu abre alas de
apresentação perdeu a filiação partidária, o mandato de senador e não
pode passear por um shopping center de grande cidade sem o risco de ser
escorraçado: Demóstenes Torres, ex-DEM-GO, flagrado pela Operação Monte
Carlo, da Polícia Federal, como principal braço político do contraventor
Carlinhos Cachoeira.
Neste momento, uma dúvida assalta gabinetes bem aparelhados da política
em Brasília. Será o senador de primeiro mandato Pedro Taques, do PDT do
Mato Grosso, uma versão 2013 adaptada do modelo Demóstenes de fazer
política até 2012?
A interrogação, em que pese a indignação ou euforia que possa causar,
faz sentido. Igualmente, como Demóstenes, procurador da República antes
de eleger-se senador, em 2010, Taques deve uma série de explicações
sobre seu passado no cargo. Ele foi apontado pelo jornalista José
Marcondes, de Cuiabá, como tendo desempenhado sua função em forte
sintonia com o grupo que, ao ser parcialmente desbaratado, a Polícia
Federal chamou de 'máfia dos combustíveis' no inquérito da Operação
Tentáculos. Iniciada em 2001, essa ação policial causou a prisão de pelo
menos oito pessoas em Mato Grosso.
Entre os presos estava um dos seguranças do procurador Taques, o
ex-policial federal e advogado Jarbas Lindomar Rosa. Em março do ano
passado, o juiz federal José Pires da Cunha, da 5ª Vara Federal de
Cuiabá, condenou Rosa há 15 anos de reclusão pelos crimes de formação de
quadrilha ou bando, corrupção passiva, facilitação de contrabando e
adulteração de placas ou chassis de veículos. Ele também foi punido por
realizar interceptação telefônica sem autorização judicial.
Lamentável coincidência? A ver. Presidente do SindPetróleo do Mato
Grosso, o empresário Aldo Locatelli admitiu, em 2010, ter emprestado seu
jatinho para Taques percorrer o Estado em campanha para senador. No
período anterior à campanha, a mulher de Taques, advogada Samira
Martins, foi contratada como profissional do departamento jurídico da
entidade. O início da relacionamento remunerado de trabalho passou a
acontecer logo após a filiação do então candidato a senador ao PDT.
Com força no partido no momento que abria sua campanha que se confirmou
vitoriosa, Taques comandou uma série de mudanças na máquina partidária
local, em cidades estratégicas. Vizinha a Cuiabá, Várzea Grande passou a
ter o empresário Fernando Minoso, também do ramo de combustíveis (Posto
Zero) como presidente. Em Barra do Garças, todos os membros antigos do
diretório foram destituídos para que o empresário Ubaldino Rezende,
maior revendedor de combustíveis do Vale do Araguaia, passasse a ser o
chefe da agremiação. O braço direito, amigo, homem de confiança e também
maior doador da campanha eleitoral de Pedro Taques é Fernando Mendonça,
ligado a usineiros de álcool da cidade de Jaciara.
Essas informações foram divulgadas, na imprensa do Mato Grosso, pelo
jornalista José Marcondes. Ele sustenta, em processo que foi aberto
contra ele por Taques, que, enquanto procurador, o hoje senador atuou
firmemente para impedir que um programa de hidrovias fosse implantado no
Estado, em nome de questões ambientais passíveis de ampla discussão,
cuja eficiência prejudicaria diretamente as vendas de combustíveis para
carros e, especialmente, caminhões em Mato Grosso.
Um dia após escrever em sua página na internet que Taques estava sendo
financiado pelo barões locais dos combustíveis, Marcondes foi demitido
da rádio em trabalhava, a Mega FM. Ele declarou, na ocasião, que tinha
medo de ser assassinado, como acontecera com um juiz e um advogado que
seguiram as mesmas pistas. "Fui perseguido por ordem de Aldo Locatelli",
diz Marcondes, referindo-se ao atual presidente do SindPetróleo do Mato
Grosso. "Taques fez boa parte de sua campanha no jatinho dele, mas isso
não consta de sua declaração formal à Justiça Eleitoral", prossegue o
profissional. "Não vão me calar". Ele vai mais longe. "Enquanto
procurador, Taques prevaricou", diz. "No processo de extradição de
Marcos Peralta, testemunha-chave no caso Leopoldino (o juiz morto,
suspeita-se, por profissionais do crime), ele não fez o que devia e o
Peralta foi morto numa queima de arquivo. Auro Ida (também assassinado)
já havia o questionado isso", lembrou.
Seria interessante o senador pedir a palavra para falar a respeito.
Fonte: Brasil 247
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