Confesso aos meus assíduos leitores que dei sonoras e soluçantes gargalhadas durante a pesquisa ao ler alguns insólitos trechos dessa matéria.
Por não concordar com o que escrito neste pequeno texto, cheguei até a ficar com dúvidas se o publicaria, ou não. Mas, como hoje é uma linda sexta-feira de verão aqui, na Linha imaginária do Equador amazônico, lá vai...
Sabedoria árabe do séc XVIII
Al-Sayed Haroun Ibn Hussein Al-Makhzoumi foi um médico árabe, nascido no Iémen mas que exerceu a sua profissão em diversas lugares, desde a Arábia até Al Andalus, na península Ibérica. A especialidade não aparece revelada nos seus escritos mas o teor dos mesmos indica algo a ver com urologia ou ginecologia, provavelmente dava consultas sobre sexologia e planeamento familiar. Nasceu no séc. XVII mas escreveu com muita objectividade e clareza sobre as artes da cópula, descreveu as diversas formas e aspectos possíveis de orgãos sexuais, estudou a relação directa existente entre as diferentes características físicas de centenas de homens e mulheres e os diferentes tipos de orgasmo experimentados e por fim deixou registadas as suas observações de sabedoria árabe à data de 1725, relativamente à natureza sexual do homem e da mulher: “A mulher é irresistivelmente atraída pelo homem forte, corajoso e viril, pois nos seus braços encontra o seu abrigo de gratificação e de segurança física. A mulher não necessita, nem tem compaixão pelo homem fraco, e olha para ele com aversão e desprezo, pois nele vê reflectida a sua própria fragilidade. Se o destino a coloca junto de um homem fraco, sente-se muito perturbada, já que isso significa insegurança e possível perigo para ela e para os seus filhos. Dele não pode obter conforto, e segurança, nem para o corpo, nem para o espírito. Torna-se fria e apática e pode lançar-lhe todo o tipo de censuras, para castigá-lo pela fraqueza que a torna infeliz. A mulher satisfeita é uma criatura deliciosamente doce. É um deleite para os olhos, o corpo e o espírito do homem, que terá através dela um vislumbre do Paraíso. A mulher insatisfeita é uma criatura terrível, pois na sua insatisfação ela perde tudo, e a sua vida torna-se tão desolada quanto o grande Sahara, e o seu espírito tão negro quanto a noite eterna. A arma suprema do homem é a sua mente; a arma suprema da mulher é o seu corpo. Alá disse acerca das mulheres: "É grande a astúcia delas". Há nisso muita sabedoria e significado. As mulheres são astutas porque são fracas e dependentes, visto que a astúcia é basicamente um traço dos fracos. É também um traço do homem fraco. Se a mulher for protegida e amada como deve ser, não precisará de ser astuta, mas será doce como uma criança. As mulheres são como as crianças: são o que delas se fizer. Mime-as, e colherá tormentos. Trate-as mal, e colherá a ira de Alá. Dê-lhes o seu amor e a sua atenção, e desabrocharão como lindas flores. As mulheres são na sua essência, criaturas de prazeres sensuais. Para elas, nada mais importa; satisfaça os seus desejos e gratifique os seus corpos e elas fecharão os olhos a todas as suas transgressões e se tornarão nas suas alegres e bem dispostas escravas. Quando uma mulher deseja um homem e rejeita todos os demais, diz-se que ela está apaixonada por ele. Ela não consegue ter prazer com outros. Quando um homem está apaixonado por uma mulher, tern com ela o maior prazer, mas pode ter prazer com outras. Há homens que amam certas mulheres desesperadamente, à exclusão de todas as demais, e são fiéis a elas. Isso não é normal, e tais homens são carentes de masculinidade. A mulher gosta de estar sempre com o homem que ama e de passar todo o seu tempo com ele, em todas as circunstâncias e condições. Para agradar a um homem, louve-lhe a mente. Para agradar a uma mulher, louve-lhe a sua beleza e os seus encantos. O casamento é tudo para a mulher, preenche quase toda a sua vida e ocupação. O casamento é apenas um episódio na vida do homem. A existência da mulher em sociedade fora do casamento nao pode ser justificada. Seria como uma árvore inútil que não dá frutos. A existência do homem em sociedade só é justificada pelas suas realizações intelectuais. Os homens não devem lutar por causa de mulheres, pois assim serão iguais aos animais. Uma mulher que espalha propositadamente a discórdia entre os homens usando o seu próprio corpo como isca é maléfica, e deve ser isolada do convívio com os homens. Demonstre grande compaixão pela adúltera, pois é mais provável que você mesmo a tenha levado a esse caminho pela sua insensibilidade. No entanto, não deverá perdoá-la e aceitá-la de volta na sua cama, mas sim devolvê-la aos seus, ou vendê-la, se for sua escrava. Nao copule com a mulher que tiver perdido a cabeça. Ela não entenderá verdadeiramente o que lhe fizer, mesmo estando com a vagina húmida. Copular com ela será como montar um animal estúpido. Pode acontecer que sua vagina prenda o pénis do homem como a da cadela prende o do cão. Em tal situação, faça-a perder a consciência golpeando-lhe a cabeca com um porrete acolchoado, pois somente assim a vagina dela soltará a presa. Não copule com uma mulher idiota, pois os seus filhos serão como ela. Não copule com a mulher que chegou à menopausa, pois ela é como uma videira retorcida que já não dá frutos. A sua vagina é seca e irritante, os seus seios estão caídos e enrugados, e o sabor da sua saliva é azedo. A mais doce das mulheres pode ser transformada numa mulher cínica pelo hornem que a excita mas não a satisfaz. Para domá-la e levá-la de volta à doçura, ele precisa copular com ela e dar-lhe prazer, para que mude imediatamente, como a noite se transforma em dia. Nunca castigue uma mulher que lhe desobedece afastando-se dela na cópula. Será mais piedoso espancá-la. Tome cuidado, porém, pois há mulheres que têm um prazer intenso e voluptuoso quando são espancadas, e o objectivo do castigo perde o sentido. Ao espancar uma mulher, nunca a golpeie nos seios ou no ventre. É melhor colocá-la sobre os joelhos e espancar-lhe firmemente as nádegas. Assim como as crianças, embora de facto cause dor, o espancamento é apreciado pela mulher, por significar que você se preocupou com ela o bastante para gastar o seu tempo disciplinando-a. Depois, é bastante aconselhável copular com elas, para mostrar que tudo está bem, e convém que seja ainda mais terno e hábil do que é hábito; a sua recompensa será grande na apaixonada reacção da mulher, pois ela também terá como objectivo agraciar-lhe mais do que o normal.”
Em: Fountains of pleasure, tradução de árabe para inglês efectuada por Hatem El-Khalidi (não tendo sido editado na língua original).
O interessante é constatar que, mesmo transcorridos vários séculos, infelizmente, o seu modo de pensar continua atualíssimo, não sendo difícil encontrar nos dias de hoje, em quase todos os lugares, figuras enternecentes das mais diversas classes sociais - de New-York a Kabul - que se identificam com os métodos e teorias do médico-sultão, parecendo personagens saídas diretamente das paginas amareladas dos seus 'estudos'.
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