O impensável no início do ano se concretiza na
reta final da eleição; presidente Dilma Rousseff lidera em todas as
regiões do País, segundo pesquisa Datafolha, apesar de performances
fracas de candidatos do partido a governador; situação mais flagrante se
dá no eixo São Paulo-Rio de Janeiro, onde Alexandre Padilha e Lindbergh
Farias amargam duros terceiro e quarto lugares, enquanto Dilma cresce
na frente; resultados das urnas do domingo 5 podem conceder a Dilma
novos poderes sobre sua própria legenda.
O atual quadro com Dilma liderando as pesquisas em São Paulo e no Rio de Janeiro, enquanto o partido patina com seus candidatos a governador, respectivamente, em amargos terceiro e quarto lugares, é um retrato ponto e acabado da força que vai sendo amealhada pela presidente. Tanto o ex-ministro Alexandre Padilha como o senador Lindbergh Farias deveriam, a princípio, puxar votos para Dilma. Mas, na prática, essa teoria é outra.
Acreditava-se, especialmente em relação à eleição paulista, que Padilha poderia repetir a performance do atual prefeito Fernando Haddad e, como novidade na disputa, empolgar o eleitorado. Mas não é isso o que se assiste em todos os levantamentos, até aqui, feitos por institutos como o Datafolha e o Ibope.
Em lugar de ser Padilha, ungido pelo ex-presidente Lula, o cavalo de votos para Dilma, é a escalada dela nas pesquisas que levou o candidato, a cinco dias do encerramento da peleja, finalmente ultrapassar a barreira dos 10% no Datafolha.
No Rio, a presidente nunca escondeu seu incômodo com a candidatura de Lindbergh. O senador precisou se escudar em Lula para garantir-se na disputa. Apesar de todas as manobras de bastidores, ele não obteve o aval da presidente e jamais cresceu nas consultas populares. De terceiro colocado durante toda a eleição, se vê agora numa inútil quarta posição nas pesquisas, ultrapassado pelo governador Pezão, que chegou à ponta. Nesse caso em particular, Dilma se sai duplamente vitoriosa. Caso o governador confirme os prognósticos positivos, Dilma poderá comemorar a vitória dele, porque nunca deixou de explicitar seu apoio a Pezão. O eleitorado fluminense, por outro lado, vai se mantendo, sempre acordo com as pesquisas recentes, bem mais ao lado de Dilma do que com Marina Silva, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB.
O ex-ministro do Desenvolvimento Fernando Pimentel, que contou desde a primeira hora com o aval da presidente, tem levado o PT à liderança das pesquisas desde o início da campanha. Mas menos pela orientação partidária, e mais pela estratégia pessoal escolhida de não bater de frente com os tucanos, Pimentel vai se saindo bem. Ao lado dele, Dilma esteve em Minas Gerais, sua terra natal, por mais de uma dezena de vezes nas últimas semanas. O resultado, até aqui, é um amplo favoritismo para Pimentel, num resultado em que será impossível dissociá-lo do apoio da presidente.
Dilma tem mais intenções de votos no Paraná, sempre de acordo com as pesquisas dos maiores institutos, que a ex-ministra Gleise Hoffman, em terceiro lugar na disputa. E também vai melhor que Rui Costa, candidato do governador petista Jaques Wagner à sua sucessão. Apesar de ter crescido nos últimos dias, a candidatura dele passou longe de incomodar a do ex-governador Paulo Souto, do DEM. Dilma, porém, nunca teve uma posição fraca nas pesquisas no Estado.
Líder no Datafolha divulgado na terça-feira 30 de setembro em todas as regiões do País, na prática é Dilma que teve, até aqui, cacife eleitoral para empurrar os postulantes do partido. E mesmo quadros experientes entenderam que estreitar laços com a candidata se tornou um ótimo negócio eleitoral:
- Nossa estratégia, agora, é colar o mais possível a minha imagem na da presidente Dilma, disse o governador Tarso Genro, do Rio Grande do Sul, ao 247. Ele chega à reta final em situação de empate técnico com a senadora Ana Amélia Lemos, da coligação PP-PSDB, já tendo dado uma virada na capital Porto Alegre.
A presidente entrou na disputa questionada, à boca pequena, em seu próprio partido. Mas chega ao momento decisivo com seu nome cantado como candidata à toda prova, que resistiu à maior saraivada de ataques sofrida por um candidato a presidente desde a redemocratização do País. Com sua performance até aqui, ainda que não decida a eleição neste primeiro turno, Dilma está mais forte do que no início da disputa – maior até do que o PT.
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