Investigações revelaram intensa atividade de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção de empresários e políticos ligados ao PSDB e ao PSB.
Grampos realizados pela Polícia Federal, com autorização da justiça, dentro das Operações “Farda Nova” e ”Zelador”, iniciadas ainda em 2007, para investigar ações do doleiro Jordão Emerenciano, com o “Jogo do Bicho” (objeto da Operação “Zebra”), acabou por flagrar a intensa atividade de tráfico de influência, lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva, de políticos e empresários, dentro do governo Eduardo Campos e até do que nas conversas se chamou de negócios com “petróleo”.
Dentre os flagrados pelos grampos da Polícia Federal, destacam-se, pela desenvoltura com que operavam e direcionavam licitações e negócios de empresários em SUAPE, em troca de comissões que chegavam a 35% do valor contratado pelas mais diversas secretarias e órgãos do Governo do Estado de Pernambuco, o ex-vereador de Jaboatão dos Guararapes, Geraldo Cisneiros, hoje um dos coordenadores da campanha de Aécio Neves, em Pernambuco e extremamente ligado a tucanos da mais alta plumagem, o ex-deputado federal Bruno Rodrigues, hoje do PSB, mas quando das práticas criminosas filiado ao PSDB e o até hoje presidente da CEASA de Pernambuco, Romero Pontual, do PSB e ex-tesoureiro de campanha do Partido Socialista Brasileiro e do ex-governador Eduardo
Campos.
Da “Operação Zelador” surgiu a Operação “Farda Nova”, onde Romero Pontual é apontado pelos
agentes federais como integrante de uma “verdadeira quadrilha” destinada a fraudar licitação para
compra de fardamentos para alunos da Rede Estadual de Ensino de Pernambuco. Já ali, chama a
atenção dos agentes federais, o fato de que Pontual fora “tesoureiro da campanha” do então
governador Eduardo Campos:
Nos grampos, é possível acompanhar a desenvoltura com que o ex-tesoureiro de campanha de
Eduardo Campos e do PSB, juntamente com o doleiro Jordão Emerenciano, direcionavam as licitações
milionárias nos mais diversos órgãos do Estado de Pernambuco, para favorecer as empresas
comprometidas com o esquema de corrupção de seu grupo: fardamento, combustível, merenda,
medicamentos, empreiteiras, Petrobras, influência política, instalação de empreendimentos em SUAPE,
nada ficava fora do esquema do que a própria Polícia Federal chamou de “Organização Criminosa”,
que usava a própria sede da CEASA para reuniões de “negócios”:
Em um dos relatórios a que o Blog teve acesso, fica claro que o doleiro Jordão Emerenciano era uma
espécie de Alberto Youseff dos esquemas de corrupção, em Pernambuco, que não poupava nem o
FUNDEPE – Fundo de Pensão dos Servidores do Estado de Pernambuco, numa espécie de conluio
com o então deputado federal do PSDB, depois filiado ao PSB, Bruno Rodrigues: “aparecem indícios
de que o mesmo poderia estar envolvido na prática de crimes de tráfico de influência, corrupção ativa e
passiva, possível pagamento de propina a políticos dentre outros crimes contra o Sistema Financeiro, e
operações ilegais de câmbio e corretagem, o que, pelo menos em tese, se constatado mediante
investigação policial, formaria verdadeira Organização Criminosa”:
O relatório da Polícia Federal chega a comparar o esquema montado pelo doleiro Jordão Emerenciano
juntamente com o ex-deputado Bruno Rodrigues com aquele arciculado pela Corretora Bônus Banval:
“O esquema montado pelo DEPUTADO FEDERAL BRUNO RODRIGUES e por JORDÃO
EMERENCIANO se assemelha ao esquema praticado pela BANVAL CORRETORA que se
aproveita dos fundos de pensão para fazer operações(…):
A Polícia Federal flagrou, ainda, nos grampos, articulações do então vereador de Jaboatão dos
Guararapes, Geraldo Cisneiros e do doleiro Jordão Emerenciano, junto ao que chamaram de “caciques
da política pernambucana ligados ao PSDB” para “aprovarem projetos e instalações de empresas no
PORTO DE SUAPE”:
Outro fato que chama a atenção nos grampos da “Operação Zalador” é o próprio ex-governador
Eduardo Campos ser flagrado cobrando Romero Pontual sobre a licitação da Saúde, apesar de Romero
Pontual ser presidente da CEASA, órgão, portanto, totalmente dissociado da área a ele cobrada pelo ex-
governador. Em outra conversa interceptada entre Romero Pontual e o ex-governador Eduardo
Campos, observa-se que o assunto tratado é a licitação da “Educação”. Confiram:
Os grampos ainda apontam para a influência de Romero Pontual, juntamente com Jordão Emerencianona Casa Militar, além de possível tráfico de influência do ex-deputado Bruno Rodrigues, junto ao governador de São Paulo, também do PSDB, que, na época, era o recém eleito senador José Serra:
Os grampos ainda apontam para vários contatos de Pontual com Antônio Figueira, à época presidente
do IMIP, o que leva a crer que o contrato a que se referia o então governador Eduardo Campos, era a
terceirização dos Hospitais e UPAS para a entidade presidida por seu futuro secretário de Saúde, que
também aparece nos grampos da Operação Assepsia do Ministério Público do Rio Grande do Norte,
que resultou na cassação da prefeita de Natal, Micarla, do PV.
O presidente da CEASA de Pernambuco, Romero Pontual, de acordo com as investigações realizadas
pela Polícia Federal, nas Opreações “Farda Nova” e “Zelador”, mantinha rotina de almoços com o ex-
governador Eduardo Campos, ao mesmo tempo em que manipulava os resultados das licitações e
negócios nas mais diversas secretarias e órgãos do governo de Pernambuco, o que demonstra o alto
grau de confiança e proximidade do Chefe do Executivo pernambucano com seu subordinado, chefe
do esquema de achaques ao Erário, flagrado pela Polícia Federal:
O filho de Romero Pontual, conhecido como Romerinho, é dono de várias empresas fornecedoras de
merenda escolar, entre elas a “Casa de Farinha”, fornecedora, por coincidência, de todas as prefeituras
do PSB, inclusive para a Prefeitura do Recife, Ipojuca, São Lourenço da Mata, Paulista, Moreno e para
o governo do Estado de Pernambuco.
As empresas de Romero Pontual Filho também já foram alvo de Operações da Polícia Federal. Em um
trecho das gravações, os policiais flagram uma conversa entre pai e filho sobre um cheque que haveria
para eles na sede da Construtora Moura Dubeux e que foi considerada uma “conversa obscura” pelos
agentes federais:
O que causa estranheza é que tendo sido iniciadas em 2007, nenhuma dessas operações, apesar dos
flagrantes de crimes gravíssimos, até agora resultaram nem no afastamento do senhor Romero Pontual
e nem muito menos em processos ou prisões para os criminosos flagrados, pela própria Polícia Federal,
com o conhecimento do Ministério Público Federal, em atos atentatórios contra o Erário.
Fonte: Blog da Noelia Brito: GRAMPOS DA POLÍCIA FEDERAL REVELAM ESQUEMA
MILIONÁRIO DURANTE GOVERNO DE EDUARDO CAMPOS
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