O
consórcio que constrói a usina hidrelétrica de Belo Monte suspendeu
provisoriamente as obras. Não tem como continuar, segundo informam seus
responsáveis, diante da total insegurança de seus trabalhadores: grupos
organizados destruíram instalações da empresa, ameaçaram os funcionários
e espalharam o terror nos canteiros da obra.
Há que se entender, com o mínimo de lucidez, algumas verdades. O Brasil é uma nação, como quase todas as outras do mundo, construída pelos atos de conquista. Os europeus aqui chegaram, há cinco séculos, ocuparam o território com violência e solércia. Impuseram-se aos indígenas porque se encontravam em outro estágio de civilização. Conheciam armas de fogo, e isso os tornavam guerreiros invencíveis. Combinando a astúcia com a força, criaram aqui uma comunidade, primeiro colonial, sob o senhorio formal de Lisboa. Houve também enclaves franceses e holandeses no território. Durante seis décadas ficamos, juntamente com os portugueses, sob domínio espanhol, entre 1580 e 1640. Somos, há 190 anos, Estado nacional independente e com dificultada soberania.
Nos
tempos atuais (com a mesma solércia com que os ocupantes se impuseram
aos nativos), europeus e norte-americanos, com o submisso apoio de
“neo-humanistas” brasileiros radicais, reclamam os direitos absolutos
dos indígenas sobre o território que ocupam, mas quase unicamente na
Amazônia. Não há o mesmo empenho de ONGs estrangeiras em atuar na defesa
dos guaranis-caiová em Mato Grosso do Sul, estes, sim, condenados à
miséria física e moral pela violência de fazendeiros brancos, que usam,
ora a polícia, ora a “justiça”, ora os jagunços, para expulsá-los da
pequena área em que se encontram confinados. Ali não há minerais raros.
Temos que encontrar modo de convívio com os remanescentes dos primitivos ocupantes do território, de forma a que todos nós, brasileiros — brancos, negros, índios, mestiços — possamos desfrutar do espaço que a história nos destinou. Nesse sentido há paciente esforço do Estado, desde que um bravo mestiço, o marechal Rondon, foi encarregado, há 102 anos, de instalar e dirigir o Serviço de Proteção aos Índios. Esse esforço, sem embargo, não foi capaz de impedir o assassinato, dissimulado, de milhares de indígenas, vulneráveis a epidemias e endemias que desconheciam, e a tiro limpo, pelos remanescentes dos bugreiros, que ainda no século 19, e sem qualquer repressão, “limpavam” as glebas ocupadas pelos nativos para a ocupação agropecuária.
Os
incidentes repetidos em Belo Monte podem acelerar as providências
cogitadas. Ao que se deduz, essa operação expulsaria da região todos os
estrangeiros que ali se encontrem promovendo a desobediência às leis e
às decisões do Estado nacional.
Talvez
seja porque a Rússia dispõe de forças militares, com suas armas
nucleares, que dissuadem os “paladinos” do meio ambiente de se meterem
ali.
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