Barack Obama: vitória contra o reacionarismo |
Antes de mais nada, a reeleição
de Barack Obama representa a vitória dos setores mais esclarecidos e
progressistas da sociedade americana sobre um partido – o Republicano – que se
tornou a expressão do que existe de mais reacionário, oligárquico e excludente nos
Estados Unidos. A direita extremista do GOP, que durante muito tempo foi isolada
e ficou restrita a tipos marginais como os senadores Joseph MacCarthy e Barry
Goldwater, se tornou hegemônica com George W. Bush, embora tenha começado a
inter influência no partido com Ronald Reagan, nos anos 1980.
Abraham Lincoln |
É curioso é notar como o mapa
político das últimas eleições – os estados “azuis”, onde os democratas tiveram
maioria versus os “vermelhos”, onde os republicanos levaram a melhor – reproduz,
com poucas diferenças, a divisão entre o norte progressista e sul conservador durante
a Guerra da Secessão (1861-1865). Com a notável diferença de que, na época da
guerra, os progressistas eram os republicanos de Abraham Lincoln, que aboliu a
escravidão, e os reacionários eram os democratas de Jefferson Davies.
Voltando a 2012, é preciso
dizer que está tudo muito bem, mas Barack Obama, na melhor das hipóteses, ainda
não disse a que veio. Na pior, ele é um prisioneiro de Wall Street e dos interesses
financeiros que levaram à crise de 2008 e do poderoso Complexo Militar-Industrial
denunciado há 50 anos por Dwight Eisenhower – aliás, um republicano esclarecido.
Isso porque, até agora, nem de longe Obama teve a ousadia de um Franklin Delano
Roosevelt, que peitou grandes corporações e até a Suprema Corte para implantar
o seu New Deal, equivalente do Welfare
State europeu que está sob ataque do establishment financeiro desde a
ascensão de Reagan.
Ainda assim, a reeleição de Barack
Obama mostrou que a esperança venceu o medo, repetindo um jargão muito usado
por aqui. Muitos daqueles que o criticam torceram por ele – modestamente, eu me
incluo neste grupo. Obama evitou o pior, a eleição de Mitt Romney, que seria a volta
do “neoliberalismo militarista” sem peias da direita, com graves consequências para
o equilíbrio de poder e a economia mundial.
É claro que, no segundo
mandato, Obama pode ser mais ousado. Não creio, mas é esperar para ver. O texto
abaixo, de Paul Krugman e Robin Wells, uma resenha de três livros que versam sobre
como Obama lidou com a crise, faz uma radiografia dos “homens do presidente”
que controlam a economia. Se continuarem lá, as coisas não deverão mudar muito.
Wall Street vence com Obama, enquanto Partido Republicano se torna o partido dos brancos em minoria
Wall Street vence com Obama, enquanto Partido Republicano se torna o partido dos brancos em minoria
Getting Away with It
Paul Krugman e Robin Wells
New York Review of Books
Na primavera de 2012, a campanha de Obama decidiu investigar a relação entre Mitt Romney e a empresa Bain Capital, uma firma de capital privado para a qual o republicano trabalhou, que havia se especializado em assumir o controle de empresas e extrair dinheiro para seus investidores, às vezes promovendo o crescimento, mas muitas vezes à custa dos empregos dos trabalhadores. Na verdade, houve vários casos em que a Bain conseguiu lucrar ao mesmo tempo em que suas metas de aquisição empurravam as empresas para a falência.
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