Por Charles Alcântara*
A
suprema corte brasileira chegou ao panteão erguido pelos barões da mídia.
A condenação “exemplar” do chamado núcleo político da Ação Penal 470 livra definitivamente o Brasil dessa nódoa chamada impunidade que tanto nos envergonha diante dos países desenvolvidos.
É assim mesmo?
Ainda é cedo amor…
O mundo é um moinho, diz a poesia de Cartola.
E a compra de votos para aprovar no Congresso a emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso?
E o escândalo dos sanguessugas?
E as descobertas da CPI do Banestado?
E o escândalo do SIVAM?
E o caso Marka/FonteCondam?
E o duplo habeas corpus concedido por Gilmar Mendes a Daniel Dantas?
E a privataria tucana, este sim o mais audacioso e descarado esquema de corrupção que se teve conhecimento no Brasil, relatado em detalhes e com farta comprovação material apresentada em livro vendido nas livrarias e bancas de revista?
E o mensalão tucano?
- Calma aí, agora é que as coisas começaram a mudar! É o que dizem os cínicos.
Em algum momento a mudança tinha que começar, não é mesmo?
E começou a mudar justamente com o julgamento do mensalão do PT, ainda que houvesse um esquema mais antigo e que, pela lógica, devesse ser julgado antes.
O STF chegou ao panteão. Alguns de seus ministros tornaram-se celebridades, estrelas globais aplaudidas efusivamente nas ruas, praças, restaurantes.
O próximo passo, para fazer jus a esse novo tempo de combate implacável aos corruptos será o julgamento do mensalão tucano. Certo?
Eu não sou dono de emissora de televisão, revista semanal ou jornal, mas me atrevo a propor o seguinte calendário ao STF: que tal começar o julgamento do mensalão tucano no dia 02 de agosto de 2014, pouco depois da Copa do Mundo e no momento em que começa a aquecer a disputa eleitoral para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais?
Assim, o STF estaria dispensando tratamento isonômico a casos análogos, vez que o mensalão do PT começou a ser julgado no início de agosto de 2012. Afinal, a justiça não é cega?
Em 2014 assistiremos a fartas matérias no Jornal Nacional cobrando celeridade do relator revisor do mensalão tucano.
Em 2014 seremos brindados com aparições diuturnas do presidente do STF falando sobre o calendário do julgamento e com reportagens sobre a folha corrida dos envolvidos, acompanhadas de gráficos e tabelas apresentados com os mais modernos recursos de computação gráfica para impressionar os telespectadores.
Os supremos ministros, alguns dias antes da realização do 1º turno das eleições presidenciais, anteciparão o julgamento do chamado núcleo político do mensalão tucano, de modo a permitir que os primeiros votos pela condenação de Eduardo Azeredo sejam estampados nas primeiras páginas dos jornais na sexta-feira que antecede ao 1º turno.
O Procurador Geral da República, em comovente demonstração de civismo, expressará o desejo de que o julgamento do mensalão tucano influencie na decisão do eleitor brasileiro.
Toda a estrutura de cobertura jornalística da Copa do Mundo será mantida pela Rede Globo para assegurar uma ampla cobertura do julgamento do mensalão tucano, com direito a reportagens especiais, flashes ao vivo do plenário, acompanhamento aéreo da chegada dos ministros em seus carros oficiais, debates entre cientistas políticos, jornalistas e colunistas sobre os prognósticos do julgamento e a tendência de cada ministro e, para coroar a cobertura, reportagem de 18 minutos de duração no Jornal Nacional.
Em 2014, enfim, o julgamento do mensalão tucano com toda pompa e circunstância dignas de um acontecimento que vai mudar a história do Brasil.
Alguém aí acredita que será assim?
Alguém aí acredita ao menos que o mensalão tucano será julgado?
E, caso aconteça, alguém aí acredita que o STF utilizará, no mensalão tucano, o mesmo dosímetro que utilizou no mensalão do PT?
Façam suas apostas!
A condenação “exemplar” do chamado núcleo político da Ação Penal 470 livra definitivamente o Brasil dessa nódoa chamada impunidade que tanto nos envergonha diante dos países desenvolvidos.
É assim mesmo?
Ainda é cedo amor…
O mundo é um moinho, diz a poesia de Cartola.
E a compra de votos para aprovar no Congresso a emenda que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso?
E o escândalo dos sanguessugas?
E as descobertas da CPI do Banestado?
E o escândalo do SIVAM?
E o caso Marka/FonteCondam?
E o duplo habeas corpus concedido por Gilmar Mendes a Daniel Dantas?
E a privataria tucana, este sim o mais audacioso e descarado esquema de corrupção que se teve conhecimento no Brasil, relatado em detalhes e com farta comprovação material apresentada em livro vendido nas livrarias e bancas de revista?
E o mensalão tucano?
- Calma aí, agora é que as coisas começaram a mudar! É o que dizem os cínicos.
Em algum momento a mudança tinha que começar, não é mesmo?
E começou a mudar justamente com o julgamento do mensalão do PT, ainda que houvesse um esquema mais antigo e que, pela lógica, devesse ser julgado antes.
O STF chegou ao panteão. Alguns de seus ministros tornaram-se celebridades, estrelas globais aplaudidas efusivamente nas ruas, praças, restaurantes.
O próximo passo, para fazer jus a esse novo tempo de combate implacável aos corruptos será o julgamento do mensalão tucano. Certo?
Eu não sou dono de emissora de televisão, revista semanal ou jornal, mas me atrevo a propor o seguinte calendário ao STF: que tal começar o julgamento do mensalão tucano no dia 02 de agosto de 2014, pouco depois da Copa do Mundo e no momento em que começa a aquecer a disputa eleitoral para presidente, governadores, senadores, deputados federais e estaduais?
Assim, o STF estaria dispensando tratamento isonômico a casos análogos, vez que o mensalão do PT começou a ser julgado no início de agosto de 2012. Afinal, a justiça não é cega?
Em 2014 assistiremos a fartas matérias no Jornal Nacional cobrando celeridade do relator revisor do mensalão tucano.
Em 2014 seremos brindados com aparições diuturnas do presidente do STF falando sobre o calendário do julgamento e com reportagens sobre a folha corrida dos envolvidos, acompanhadas de gráficos e tabelas apresentados com os mais modernos recursos de computação gráfica para impressionar os telespectadores.
Os supremos ministros, alguns dias antes da realização do 1º turno das eleições presidenciais, anteciparão o julgamento do chamado núcleo político do mensalão tucano, de modo a permitir que os primeiros votos pela condenação de Eduardo Azeredo sejam estampados nas primeiras páginas dos jornais na sexta-feira que antecede ao 1º turno.
O Procurador Geral da República, em comovente demonstração de civismo, expressará o desejo de que o julgamento do mensalão tucano influencie na decisão do eleitor brasileiro.
Toda a estrutura de cobertura jornalística da Copa do Mundo será mantida pela Rede Globo para assegurar uma ampla cobertura do julgamento do mensalão tucano, com direito a reportagens especiais, flashes ao vivo do plenário, acompanhamento aéreo da chegada dos ministros em seus carros oficiais, debates entre cientistas políticos, jornalistas e colunistas sobre os prognósticos do julgamento e a tendência de cada ministro e, para coroar a cobertura, reportagem de 18 minutos de duração no Jornal Nacional.
Em 2014, enfim, o julgamento do mensalão tucano com toda pompa e circunstância dignas de um acontecimento que vai mudar a história do Brasil.
Alguém aí acredita que será assim?
Alguém aí acredita ao menos que o mensalão tucano será julgado?
E, caso aconteça, alguém aí acredita que o STF utilizará, no mensalão tucano, o mesmo dosímetro que utilizou no mensalão do PT?
Façam suas apostas!
*Charles Alcântara é presidente do Sindifisco
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