Durante muitos séculos não houve conflito algum no Oriente Médio.
Até o Século XIX a terra da Palestina era habitada por uma população
multicultural – atingindo aproximadamente 86% de muçulmanos, 10% de
cristãos e 4% de judeus em meados do século XIX – vivendo em paz.
A região em 1917, antes da criação de
Israel
O Sionismo
No final do século XIX, um grupo na Europa decidiu “colonizar”
aquela terra. Conhecidos como Sionistas, aquele grupo compunha uma
pequena minoria do povo judeu. A vontade última do movimento
sionista era criar um Estado Judeu, cogitando lugares na África e
nas Américas antes de se decidir pela Palestina.
A migração de judeus da Europa para a Palestina, no
início, não causou problema algum. Contudo, à medida que mais e mais
Sionistas migraram para a Palestina – muitos com o desejo expresso
de tomar posse da terra para criar um Estado Judeu – a população
local ficou alarmada. Num determinado momento a luta começou e ondas
de violência se tornaram crescentes. A subida de Hitler ao poder na
Europa e as atrocidades nazistas, combinadas às atividades sionistas
de sabotagem aos esforços de alocação de refugiados judeus em países
ocidentais conduziram a uma escalada na migração daquele povo para a
Palestina.
O conflito cresceu.
O Plano de Partilha da ONU
Em 1947, finalmente, a ONU decidiu intervir. Contudo, ao invés de
adotar o princípio democrático esposado décadas antes por Woodrow
Wilson, de “auto-determinação dos povos”, pela qual os povos
criariam seu próprio Estado e sistema de governo, a ONU escolheu
reverter ao princípio medieval segundo o qual um poder externo
decide a partilha da terra de outro povo.
Debaixo de considerável pressão sionista, a ONU recomendou
a cessão de 55% da Palestina ao novo Estado Judeu – apesar do fato
de aquele grupo representar à época cerca de 30% do total da
população e possuía menos de 7% da terra.
A partilha de 1947
A Guerra de 1947 – 1949
Embora seja ampla e corretamente relatado que aquela Guerra, num
dado momento, incluiu 5 Exércitos Árabes, menos conhecido é o fato
de que durante aquela Guerra as forças judias mantiveram uma
superioridade numérica de 3 judeus contra 1 árabe. Mais: ao contrário
do que reza o senso comum incentivado pela propaganda os Exércitos
Árabes jamais invadiram Israel. Todos os combates se deram em
território que deveria ser o Estado Palestino – jamais reconhecido
ou respeitado pelo Estado de Israel.
Finalmente, é de alta relevância ressaltar que os
Exércitos Árabes só entraram no conflito após as forças do Estado de
Israel haverem cometido 16 massacres, incluindo o brutal massacre de
100 homens, mulheres e crianças em Deir Yassin. O futuro
Primeiro-Ministro de Israel, Menachen Begin, líder de grupos
terroristas, chamou aquele episódio de “esplêndido ato de
conquista”, acrescentando: “em Deir Yassin, como em toda a parte,
vamos atacar e massacrar o inimigo. Deus, Deus, O Senhor nos
escolheu para a conquista”. Com esta filosofia em mente, forças
Sionistas cometeram mais de 30 massacres a Palestinos
até 1949.
Ao final da Guerra, Israel havia conquistado 78% do
território da Palestina; 75 milhões de Palestinos se transformaram
em refugiados; mais de 500 cidades e aldeias foram destruídas; um
novo mapa foi desenhado, no qual todas as cidades, todos os rios e
montes receberam um novo nome em hebraico e todos os vestígios da
cultura secular dos palestinos foram obliterados. Por muitas décadas
o Estado de Israel negou até mesmo a existência da população
palestina. A ex-primeira-ministra Golda Meir uma vez disse; “Não
existe essa coisa de ‘Palestino’”.
Entre 1948 e 1967 - A Palestina vai sendo fagocitada
por Israel
A Guerra de 1967 e o “USS Liberty”
Em 1967 Israel conquistou ainda mais território. Na sequência da
Guerra dos Seis Dias, durante a qual forças israelenses lançaram um
ataque bem-sucedido ao Egito, Israel ocupou um adicional de 22% do
território Palestino, segundo as Fronteiras Internacionais decididas
pela ONU em 1948 – na Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Uma vez que as
Leis Internacionais consideram inadmissível adquirir territórios
através de Guerra, estes são territórios ocupados, não pertencem a
Israel. Durante aquele conflito, Israel ocupou ainda partes do Egito
– já devolvidas – e da Síria – as Colunas de Golam – até hoje
ocupadas por Israel.
Um episódio grave e pouco divulgado foi o ataque de Israel a um
navio estadunidense, o “USS Liberty”. 200 profissionais
estadunidenses foram mortos no episódio. A respeito do episódio, o
presidente Lyndon Johnson declarou, relembrando vôos de resgate e o
apoio dos EUA a Israel, que “não é interessante causar embaraços a
um aliado”; o episódio foi suprimido das notícias e livros de
história...
(Em 2004, uma comissão de alto nível, dirigida pelo Almirante Thomas
Moorer, declarou ser aquele “um ato de guerra contra os Estados
Unidos da América", fato pouquíssimo noticiado pela mídia, se o
foi...).
Após a Guerra - Seis países Árabes
ocupados por tropas Israelenses
O Conflito Recente
Há duas questões primárias, que estão na raiz destes conflitos
contínuos desde a criação do Estado de Israel até o dia de hoje:
1 – O efeito desestabilizante de se manter um Estado com
preferências étnico-religiosas, particularmente quando é
massiçamente composto por um povo de origem externa – a população
original do que é hoje Israel era composta por 96% de muçulmanos e
cristãos. Nos territórios ocupados por Israel, refugiados muçulmanos
e cristãos são proibidos de retornar a suas casas e aqueles que
vivem no Estado de Israel são submetidos a sistemática
discriminação.
No magnífico documentário “Peace,
Propaganda and The Promised Land”, dirigido por Sut Jhally e
contando com a participação de intelectuais e ativistas judeus,
ocidentais e palestinos, percebe-se como é difícil a vida dos
palestinos nos territórios ocupados; entre complicações mil,
particularmente relativas ao estrangulamento econômico e ao
vandalismo praticado por Israel contra todos os aspectos de
representação cultural palestina, ressalta-se:
_ destroem-se bairros inteiros de casas palestinas – sob a falsa
alegação de se tratar de “retaliação” a homens-bomba – a fim de que
se construam luxuosos condomínios israelitas.
_ o fornecimento da vital água corrente às populações nativas
restringe-se a 2 horas por semana enquanto, nos vizinhos condomínios
judeus fechados mantém-se piscinas e regam-se plantas ostensivamente
todos os dias.
_ é verdade que os palestinos têm controle sobre suas próprias casas
durante algum tempo (jamais sabem quando suas vivendas podem ser
consideradas “de interesse da segurança nacional de Israel” e assim
perder seu direito a moradia) contudo, todas a estradas e passagens
dentro do território que em 1948 a ONU decretou ser o Estado
Palestino mas Israel jamais respeitou, são controladas por Israel.
Um quadro que é descrito como se tivéssemos controle sobre os
cômodos de nossa casa mas, a cada vez que precisássemos sair de um
cômodo a outro precisássemos da relutante autorização de soldados e
fiscais estrangeiros que controlam todos os corredores.
2 – Os habitantes palestinos resistem como podem à contínua ocupação
militar israelense e o confisco de propriedades fundiárias na
Cisjordânia e na Faixa de Gaza. Estes espaços, reduzidos em 22% do
que foi decidido pela ONU em 1947, deveriam se tornar o Estado
Palestino, segundo os acordos de paz de Oslo, de 1993. Contudo, uma
vez que Israel não apenas posterga há já 15 anos o cumprimento dos
Acordos de Oslo como vem ampliando o confisco e a ocupação de terra
naqueles territórios, os palestinos se rebelam.
Os judeus moderados apontam estas táticas do Estado de
Israel como potencialmente anti-sionistas. Esclarecem que há grupos
anti-sionistas capazes de perpetrar atos realmente danosos contra os
judeus em escala mundial e a postura agressiva do Estado de Israel,
desrespeitando os direitos humanos, praticando crimes de guerras em
base cotidiana e desrespeitando a legislação internacional há
décadas, contribui violentamente para macular a imagem dos judeus no
mundo.
O que resta da Palestina hoje...
O envolvimento dos EUA
Noam Chomsky, filósofo judeu estadunidense, menciona, em “O Império
Americano”, um episódio emblemático: em meados da década de 90,
helicópteros israelenses mais uma vez reduziram a escombros duas
aldeias palestinas pacíficas na fronteira norte do país, fronteira
com o Líbano. Os palestinos reclamaram na ONU o uso de helicópteros
“Apache” estadunidenses no massacre a populações desarmadas. O então
presidente “democrata” norte-americano Bill Clinton tomou uma medida
exemplar (contra a ONU e os Palestinos, como de hábito): mandou mais
5 helicópteros “Apache”, além de pessoal para treinamento das forças
israelenses, possibilitando o aumento da eficácia em futuros
massacres.
Segundo estimativa de Sut Jhally no documentário acima citado, os EUA enviaram a Israel, entre 1948 e 2008, mais de 100 trilhões de dólares! Anualmente, o contribuinte estadunidense subvenciona o genocídio dos EUA e Israel contra a população palestina em valores anuais de U$ 7 milhões. Certa feita o Governator Arnold Schwarzenegger, se queixou: a administração federal estava enviando mais recursos a Israel do que à Califórnia!
Enquanto os EUA apoiarem e Israel praticar a mais longa ocupação
militar da história moderna, esta perpetrada na Cisjordânia e Faixa
de Gaza, as chances de paz estão minimizadas.
Confira, no vídeo abaixo, as opiniões de Norman Finkelstein, um
intelectual e ativista pela paz entre judeus e palestinos, sobre a
ocupação e as brutalidades praticadas por EUA/Israel contra os
Palestinos:
Enquanto Israel, um Estado Nacional amplamente reconhecido no mundo
árabe, não reconhecer o Estado Nacional Palestino, a paz no Oriente
Médio ficará miseravelmente na dimensão da retórica, longe da
prática, da vida real, do cotidiano sofrido de palestinos e
israelenses.
Mentiras plantadas na opinião pública pela propaganda estadunidense
e sionista
1 - "Aquela
região sempre esteve em guerra". Durante mais de 900 anos a
paz entre muçulmanos, judeus e cristãos reinou na Palestina e em
todo o Oriente Médio, sendo quebrada apenas no início do século XX.
2 - "Os Palestinos não cumprem os acordos de paz". A guerra étnica que Israel, com poderoso apoio estadunidense, perpetra contra os Palestinos é um genocídio de que os Palestinos se defendem como podem. Cada acordo de paz, desde 1948, remove uma porção do território palestino e Israel jamais respeitou. O último acordo, Oslo, 1993, reduziu para 22% o território concedido à Palestina pela ONU em 1948. A Palestina aceitou mas Israel não respeita e não permite a criação do Estado Palestino. Segue confiscando terras dos Palestinos diuturnamente.
3 - "Os Estados Unidos são neutros". Os EUA gastam mais dinheiro enviando armamento e dinheiro para Israel do que em seus próprios Estados federados, portanto são tudo, menos "neutros".
4 - "Todos que discordam do Estado de Israel são anti-semitas". Israel está em violação direta da legislação internacional. Pratica cotidianamente mais de 20 crimes contra os direitos humanos (devidamente analisados pela Anistia Intenacional, incluindo aprisionamentos arbitrários, torturas, fuzilamentos, destruição de casas com seus habitantes desesperados no interior - confira aqui: http://thereport.amnesty.org/prt/regions/middle-east-and-north-africa/israel-and-the-occupied-palestinian-territories) além de crimes de guerra - bombardeios de vilas pacíficas para desalojar moradores e criar assentamentos, expropriação de territórios internacionalmente reconhecidos, etc. Tais atos, sejam eles praticados pela Alemanha de Hitler ou pelo Estado de Israel com o apoio dos EUA merecem o repúdio internacional, isto não constitui anti-semitismo. Acusar inclusive vários intelectuais e líderes judeus ansiosos por uma Paz verdadeira e duradoura de "anti-semitismo" é irracional.
Lázaro Curvêlo Chaves – 1 de janeiro de 2009 - Revisado em 9 de
julho de 2011
Imperdível!
Noam Chomsky fala sobre o Sionismo e Israel no Programa Roda Viva
da TV Cultura dezembro de 1996
Leitura recomendada:
O autor do livro, Finkelstein deve ser
apalaudido por sua corajosa obra. Esse livro, mesmo que o leitor não
concorde com a tese do autor, merece atenção. O livro não é uma
denuncia vazia, Finkelstein apresenta argumentos sólidos para
comprovar que o Holocausto não é mais apenas o martírio do povo
judeu, mas tambem uma imensa máquina de fazer dinheiro e um
instrumento ideologico do estado de Israel. Com acusações tão
pesadas, se teria impressão que o autor é um nazista, mas não, o
sobrenome já diz, Finkelstein é judeu, um convite a mais para ler
essa obra tão polêmica.
|
Legal seu post, deem também uma olhada no nosso post informal sobre a guerra no Oriente Médio http://nerdwiki.com/2013/11/21/saiu-ar-perdeu-o-lugar-arabes-vs-judeus/
ResponderExcluirObrigado.