Plínio de Arruda Sampaio, candidato à presidência da república em
2010 pelo PSOL, manifestou apoio à candidatura do tucano José Serra à
prefeitura de São Paulo. “O importante agora é derrotar o Haddad porque ele é
incompetente e porque sua vitória fortalece o Lula e a turma do Mensalão”, diz Plínio.
E a vitória de Serra fortalece a classe operária, cara pálida?
Criticado por essa
postura, Plínio postou no Facebook: “Oh! meu Deus! Como esse povo gosta de
fofoca. O fato de dizer que considero o Serra melhor que o Haddad não implica
que deixarei de votar, como sempre fiz, de acordo com o meu partido. Como a
direção nacional do PSOL determinou o voto nulo no segundo turno, esse será o
meu voto. Jornalistas: não percam tempo em me entrevistar: a resposta será
sempre a mesma: vou anular meu voto porque esta é a determinação do meu partido”.
Até parece o Serra irritado com “perguntas inconvenientes” dos jornalistas...
Mas quando
perguntado pelo site Sul21 sobre as alianças do PSOL com DEM e
PTB em Macapá, Plínio despistou: “É um caso muito particular e diz
respeito a um lugar remoto num estado muito pequeno, de modo que, nesse caso,
se fez uma vista grossa”, comentou. Então, tá...
Hélio Bicudo |
A
questão
de alianças políticas é sempre um assunto complexo. É uma coisa para
gente
grande, não para carmelitas descalças. Plínio poderia até lembrar a
aliança de
Haddad com Maluf para refutar críticas petistas ao seu apoio a Serra.
Acontece
que são coisas bem diferentes. Embora o PT possa ser criticado por essa
inusitada aliança com o malufismo, ela se prestou mais à conquista de
tempo na
tevê do que qualquer outra coisa. Haddad não defende nada da “agenda” do
ex-prefeito. Já Serra, como em 2010, vendeu sua alma ao que há de pior
da direita religiosa e fascista (Silas Malafaia, coronel Telhada et caterva). Sua agenda é claramente conservadora, como até FHC admitiu.
Logo, defender o voto no vampiro é apoiar essa agenda próxima à do Tea Party.
Plínio
não está sozinho nessa sua endireitada disfarçada de cruzada ética: outro que
declarou seu apoio a Serra, já em 2010, foi o ex-petista Hélio Bicudo, um poço até aqui de mágoa
contra seus antigos camaradas do PT.
Fazer
política com o fígado é isso que dá...
Hitler e os SA: a esquerda não se uniu e ele chegou ao poder |
Isso
me faz lembrar uma das maiores tragédias da esquerda mundial: a Alemanha do
final dos anos 1920 e início dos anos 1930. Naquela época, os partidos de
esquerda (social-democratas e comunistas) eram a força eleitoral e política mais
poderosa da Alemanha. Se tivessem se unido, o nazismo jamais teria chegado ao poder.
Mas os comunistas, dirigidos pelo sectarismo do “Terceiro Período” de Moscou, consideravam
os social-democratas pior do que os nazistas (“social-fascistas” era o termo com
que os sequazes de Stálin os designavam). Resultado: enquanto os “camisas
pardas” das SA aterrorizavam socialistas nas ruas – às vezes com o apoio dos
comunistas –, o NSDAP conquistava a maioria eleitoral no Reichstag. No poder,
Hitler esmagou igualmente comunistas e socialistas. Depois dessa fenomenal
cagada, a III Internacional fez um giro de 180º e passou a apoiar as chamadas “Frentes
Populares Antifascistas”. Mas aí já era tarde.
Nos
seus primórdios, o PT também foi vítima dessa "doença infantil", coisa
que o levou a cometer inúmeros erros políticos. Mas o inacreditável é
que pessoas com experiência política de sobra, como Plínio e Bicudo,
caiam vítimas dessas tentações pseudo-esquerdistas.
Acho
que são os limites de uma certa esquerda vinda do catolicismo: nunca se livram
do conceito de pecado e nunca aprendem as vicissitudes da política.
Lêem mais Santo Agostinho do que Maquiavel e Hobbes. Uma pena, porque eles são homens honrados, como diria Marco Antônio a respeito de Brutus e dos assassinos de César...
Lêem mais Santo Agostinho do que Maquiavel e Hobbes. Uma pena, porque eles são homens honrados, como diria Marco Antônio a respeito de Brutus e dos assassinos de César...
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