DE LISBOA
Os portugueses não são exatamente otimistas e positivos, como se vê
pela música do país, o fado – um lamento de beleza melancólica e quase
sepulcral em que a palavra saudade aparece com desmedida frequência.
O
povo olha mais para o passado épico e imperial do que para o presente.
Portugal parece estar sempre de costas para o futuro. Os portugueses têm
uma nostalgia peculiar: a de si mesmos.
De onde vem isso?
Antigas potências costumam mesmo tem temperamento nostálgico. Na
Inglaterra, a Rainha Vitória – em cuja era o sol não se punha no império
britânico — é constantemente evocada em filmes, livros, documentários
etc.
Salazar com o ditador espanhol nazista, Franco |
A posse de Salazar |
Tão ascético quanto Hitler, e como ele completamente devotado à
missão de governar seu país, Salazar morreu pobre.
Ao ser enterrado, tinha uma quantia modesta no banco e umas poucas casas simples. O problema é que ele deixou Portugal tão pobre quanto ele.
Cortejo fúnebre de Salazar |
Ao ser enterrado, tinha uma quantia modesta no banco e umas poucas casas simples. O problema é que ele deixou Portugal tão pobre quanto ele.
Tinha raiva do progresso. “O luxo da técnica, o delírio do mecânico, a vertigem do consumismo farão com que a civilização acabe por retornar cientificamente à selva”, disse ele. Industrialização era um mal para ele. Era avesso a inovações, e levou isso a tal ponto que uma única vez andou de avião. Foi de Lisboa a Porto, e ao descer disse, seco, que não tinha gostado. Jamais voltou a voar.
Não casou, mas deixava espalhar rumores de casos românticos e de filhos bastardos, até para escapar das suspeitas que corriam sobre homens solteiros em seu tempo em Portugal.
Crianças membros da Juventude Portuguesa, por Salazar criada, fazem a saudação nazista |
Salazar disse, sobre Portugal, uma frase que nem seus adversários poderiam questionar: “O nosso passado pesa demais no nosso presente.” Quarenta anos depois de sua morte, quando Portugal vive uma crise econômica que está deixando os portugueses simplesmente apavorados, as palavras de Salazar valem para o legado que ele deixou para seu povo.
A obra pró-atraso de Salazar pesa demais, ainda hoje, sobre Portugal.
Doentiamente saudosista, Salazar jamais aceitou que o império
português se desfizesse pacificamente. Queimou, em absurdas guerras na
África contra países que lutavam pela independência, uma riqueza que, se
tivesse sido mantida em casa, deixaria Portugal hoje numa situação bem
melhor. Quando os portugueses enfim disseram basta ao salazarismo, o
estrago já estava feito – e o resultado pode ser visto na aflitiva luta
de Portugal para não ser despejado da zona do euro.
no seu Diário do Centro do Mundo.
__________________________________________________________________________
Nota do Militanciaviva: Já que falei em Portugal, ouçamos a eterna diva lusitana, Amália Rodrigues, em um de seus 'transes' maravilhosos, cantando com uma só voz para os dois planos, um fado esculpido em musica e poesia com a energia da alma dos valentes navegantes...
Obrigado aos nossos milhares leitores portuguese e descendentes da Europa e Ultramar,em especial Moçambique e Angola, que, diariamente, nos honram com suas visitas ao nosso Blog.
Eduardo Bueres
Nenhum comentário:
Postar um comentário