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segunda-feira, 27 de agosto de 2012

ALEXANDRA KOLLONTAI, A BLOQUISTA ENTRE BOLCHEVIQUES


 De entre uma colecção de dirigentes bolcheviques notórios pelo seu cinzentismo, a figura de Alexandra Kollontai (1872-1952) distingue-se. Só que não propriamente pelos mesmos motivos de Lenine, Trotsky ou mesmo Estaline… Como a dirigente bolchevique feminina mais conhecida, Alexandra chegou a protagonizar o que seria a moral sexual do novo regime soviético, o amor livre, uma concepção de moral que era muito afectada pela sua experiência pessoal, a de uma mulher nascida nas elites (o pai era general) cosmopolitas (a mãe era finlandesa) do czarismo, que se rebelara desde jovem contra a ordem estabelecida embora vivendo com o conforto privilegiado que essa mesma ordem lhe atribuía. Em suma, encaixando precisamente naquilo que décadas mais tarde veio a ser designado ironicamente por esquerda-caviar           
É por isso pertinente colocar a dúvida se, quanto àquela nova moral sexual revolucionária, Alexandra Kollontai pugnaria por aquele que era o seu estilo de vida ou se estaria a vivê-lo de acordo com as suas convicções. Seja como for, a história da sua vida sentimental é uma sucessão de incidentes: por exemplo, quando nomeada em 1917 como primeira Comissária do Povo (ministra) para os Assuntos Sociais envolveu-se aos 45 anos com o seu homólogo para os Assuntos Navais, Pavel Dybenko que era 17 anos mais novo… Segundo consta, Lenine fez com que se casassem, mas o casal de comissários pouco durou. A volubilidade de Alexandra não era apenas sentimental, também era política: em 1920, passara a encabeçar uma facção bolchevique dissidente chamada Oposição Operária com o seu novo amigo, Alexandre Shlyapnikov.
Dessa vez, Lenine chateou-se: pegou em Alexandra, cuja importância para a revolução era mais simbólica do que qualquer outra coisa e, depois de a fazer apanhar nas orelhas (que o leninismo a isso obriga…) despachou-a como embaixadora (a primeira em todo o Mundo!) para a Noruega. Sem o saber, havia-lhe saído a sorte grande!... Circulando entre as embaixadas soviéticas, colocada na Suécia desde 1930 até 1945, Alexandra Kollontai permaneceu a recato enquanto Estaline fazia a razia que se sabe entre os membros da velha guarda bolchevique – uma a que ela decerto não escaparia… Completamente ignorada pelos comunistas ortodoxos, pelas suas origens e com as suas causas fracturantes do amor livre, Alexandra Kollontai parece-me antes de mais uma verdadeira antepassada a reverenciar pelos nossos bloquistas 

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