Juiz afirma que mulher de Cachoeira tentou chantagem para soltar bicheiro.
O juiz federal Alderico Rocha Santos afirmou ao G1 nesta segunda-feira (30) ter
sido chantageado por Andressa Mendonça, mulher do contraventor Carlos Augusto
de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Andressa é revistada na delegacia |
Segundo o magistrado, Andressa o procurou na quinta-feira (26) afirmando que
teria um dossiê contra o magistrado e, em troca da não-publicação, teria pedido
um alvará de soltura para Cachoeira.
O juiz diz ter encaminhado ao Ministério Público um papel com nomes escrito por
Andressa e imagens de sua entrada e saída no prédio da Justiça Federal.
Andressa prestou esclarecimentos nesta manhã na Polícia Federal em Goiânia e
saiu sem falar com a imprensa. A mulher do contraventor terá de pagar fiança de
R$ 100 mil e está proibida de visitar o marido, informou a PF.
Segundo o delegado Sandro Paes Sandre, “caso essas medidas não sejam atendidas,
Andressa terá a prisão preventiva decretada e ficará presa na PF”.
A suposta conduta de Andressa está prevista no artigo nº 333 do Código Penal,
que trata de corrupção ativa, diz a PF em nota.
O G1 tenta contato por telefone com Andressa Mendonça e seus advogados, mas não
obteve retorno até a publicação desta reportagem.
Dossiê
CONFORME RELATOU O JUIZ AO G1, NA VERSÃO DE ANDRESSA, O
DOSSIÊ TERIA SIDO PRODUZIDO A PEDIDO DE CACHOEIRA PELO JORNALISTA POLICARPO
JÚNIOR, REPÓRTER DA SUCURSAL DA REVISTA “VEJA”, EM BRASÍLIA.
Policarpo da revista Veja, ligado ao mafioso Cachoeira |
Procurada, a direção da “Veja” afirmou que seu departamento jurídico “está
tomando providências para processar o autor da calúnia que tenta envolver de
maneira criminosa a revista e seu jornalista com uma acusação absurda, falsa e
agressivamente contrária aos nossos padrões éticos”.
Ainda segundo Santos, Andressa teria pedido para falar com ele mesmo sem a
presença do seu advogado. Como ela insistiu em ser atendida, o juiz diz que
concordou em recebê-la e chamou uma de suas assessoras para acompanhar a
reunião.
Depois de cerca de 20 minutos, diz ainda o magistrado, Andressa teria dito para
que a assistente fosse retirada da sala. Depois de mais 25 minutos, teria
insistido. “Ela disse: ‘Quero falar com o senhor a respeito das minhas visitas
ao Carlos e vou falar de questões pessoais. Não queria que questões da minha
intimidade fossem reportadas a terceiros’. Então concordei com a saída da minha
assessora”, relatou.
Conforme o juiz, Andressa teria dito: “Doutor, tenho algo muito bom para o
senhor. O senhor conhece o Policarpo Júnior? O Carlos contratou o Policarpo
para fazer um dossiê contra o senhor. Se o senhor soltar o Carlos, não vamos
soltar o dossiê”.
O juiz diz também que respondeu que não tinha nada a temer, quando teria ouvido
de Andressa: “O senhor tem certeza?”.
A mulher de Cachoeira, conforme o relato do juiz, teria então escrito o nome de três pessoas em um pedaço de papel e perguntado se ele os conhecia: o ex-governador do Tocantins, Marcelo Miranda (PMDB), que teve o mandato cassado em setembro de 2009 por suspeita de abuso de poder político nas eleições de 2006; um fazendeiro da região do Tocantins e Pará, conhecido como Maranhense; e Luiz, que seria um amigo de infância do juiz e supostamente responderia a processo por trabalho escravo.
De acordo com o juiz, Andressa teria dito que o jornalista teria fotos do
magistrado com essas três pessoas.
“Não tenho nada a temer. Eu não vejo Marcelo Miranda há mais de quatro anos. O
Maranhense, ou quem imagino que possa ser o Maranhense, também não vejo há
bastante tempo. Já o Luiz é meu amigo de infância. As terras da família dele
fazem divisa com as do meu pai, no Maranhão, há mais de 50 anos”, disse Santos.
O magistrado afirmou ter voltado a dizer a Andressa não ter nada a temer,
momento em que ela teria se retirado de sua sala. “Quando ela saiu, guardei o
papel onde ela escreveu os três nomes, solicitei as imagens que mostram a sua
entrada e saída do prédio da Justiça Federal e encaminhei um documento ao
Ministério Público relatando o fato.”
“Eles entenderam que a ação dela se caracteriza crime e que ela deve pagar uma
fiança de R$ 100 mil sob pena de prisão”, relatou.
Mas, o que representa 100 mil Reais para uma cachoeira de dinheiro público surrupiado?
Mas, o que representa 100 mil Reais para uma cachoeira de dinheiro público surrupiado?
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