O
Bolsa Família, a produção de etanol e o esforço dos governantes
brasileiros para manter a estabilidade econômica nos últimos 20 anos
foram alvos de elogios do ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton,
que participou ontem do 19º Congresso Brasileiro de Contabilidade.
Clinton fez palestra de uma hora e meia para cerca de seis mil
contadores e chegou a dizer que o Brasil é um país “quase perfeito”.
“Vocês tiveram a sorte de ter três bons presidentes em sequência”,
disse, afirmando que Fernando Henrique Cardoso criou as condições para o
Brasil começar a crescer e que Luiz Inácio Lula da Silva fortificou a
economia. Sobre a atual presidente, Dilma Rousseff, declarou que ela tem
feito “um bom trabalho”, apesar as crises internacionais.
Desde que deixou a
presidência dos Estados Unidos, em 2001, Clinton tem comandando uma
verdadeira cruzada em defesa das fontes alternativas de energia e, em
Belém, levantou mais uma vez a bandeira da sustentabilidade. “Nós nunca
nos perdoaremos e o mundo não será um lugar bonito daqui a 50 anos, se
não encontramos uma maneira de nos desenvolver sem reduzir as emissões
de carbono”, disse, afirmando que não há como manter o atual modelo de
desenvolvimento “sem consequências desastrosas”.
Trilhões e trilhões do PIB podem se
perder por catástrofes naturais. A temperatura do planeta está aumentado
e, na primeira década deste século, gastamos três vezes mais para
reconstrução de áreas devastadas por destrates naturais do que na década
de 80”. O ex-presidente americano citou o exemplo da China, que tem
crescido a índices impressionantes, mas enfrenta problemas como a seca
no Rio Amarelo, o segundo mais importante do país. Também falou dos
altos índices de poluição na capital chinesa.
SUSTENTABILIDADE
SUSTENTABILIDADE
Clinton lamentou a imensa desigualdade
no planeta e classificou como obstáculo ao desenvolvimentos sustentável
a instabilidade provocada pela dificuldade para que todos tenham acesso
a educação, saúde e emprego.
Afirmou que não é possível dizer aos
brasileiros que parem sua marcha em direção à prosperidade, mas alertou
que é preciso fazer um cálculo sobre os custos de cada ação. Para ele,
além de responder o que fazer e quanto gastar para se desenvolver, um
país deve procurar a resposta para a questão sobre como conseguir isso
de maneira sustentável.
Para ele, o desafio é criar um futuro
em que as responsabilidades e, não a pobreza, sejam compartilhadas.
Clinton defendeu que sejam feitos estudos para definir os custos da
exploração de recursos ambientais ao mesmo tempo em que sejam avaliados
os benefícios de preservá-los.
Lembrou que o Brasil tem investido em
hidrelétricas que são fontes de energia relativamente limpas, mas
ressaltou que por alguns anos usinas localizadas em rios que banham a
floresta tropical podem ter impacto grande sobre a biodiversidade. Por
isso defendeu estudos detalhados sobre os custos e benefícios de fontes
alternativas, como solar e eólica. “Se pudesse dar apenas uma
recomendação, seria a de que é preciso fazer estudos sérios do quão
rápido podemos nos mover em relação a esses modelos (de energia
alternativa)”. Clinton defendeu que o cálculo leve em conta as chamadas
externalidades dos modelos tradicionais antes de classificar as
alternativas como não competitivas. Destacou que modelos tradicionais
recebem subsídios dos governos e que por isso podem parecer mais
viáveis.
Hoje, no Brasil, 40% dos profissionais
das Ciências Contábeis são do sexo feminino. Por isso, o avanço das
mulheres no mercado profissional foi o assunto principal do 3º Fórum
Nacional da Mulher Contabilista, que abriu o primeiro dia de atividades
do 19º Congresso Brasileiro de Contabilidade.
Com o tema ‘Ousadia e Coragem: seu
nome é mulher’, o debate foi mediado pela jornalista Leda Nagle e contou
com a participação de uma ex-senadora, uma professora, uma artista e
uma sexóloga. Quatro histórias de vidas completamente diferentes, mas
com muitos valores em comum.
“É possível a união na diversidade. É
ela quem possibilita a troca e o consequente crescimento. Há um processo
de heteroestima, ao mesmo tempo em que somos indivíduos, precisamos do
suporte alheio para reconhecimento, seja por meio da atenção ou
respeito”, disse Marina Silva.
Marina Silva |
Os assuntos não eram especialmente
novos ao público, mas as entrevistadas fizeram questão de expor
abordagens mais independentes e seguras da mulher brasileira, como a
respeito do sexo. Mesmo assim, elas ratificaram que, enquanto vantagens
se abrem, o despontamento da sexualidade traz também alguns impactos
preocupantes. “São cada vez maiores os casos de câncer em órgãos
sexuais, por exemplo. Infelizmente, o aumento das formas de prazer está
intimamente ligado ao aumento dos riscos. Por isso, os preservativos
masculinos e femininos são indispensáveis em todas as ocasiões”, afirmou
a professora Silvia Rogatto.
Entre as mudanças a serem instituídas está, é claro, a educação.
“Com certeza, é necessário investir em
educação básica, valorizando o professor, dando estrutura de qualidade.
Mas não podemos sobrecarregar a escola enquanto provedora de educação.
Existem vários tipos de educação não formais, como ambiental, ética,
alimentar, que precisam de espaços fomentadores, sejam eles igrejas,
famílias, organizações sociais, comunidades”, ratificou
Marina.
CONGRESSO
Marina.
CONGRESSO
Esta é a primeira vez que a região
Norte é sede do maior evento do segmento contábil brasileiro. O
Congresso Brasileiro de Contabilidade segue até o dia 29 de agosto,
reunindo mais cinco mil profissionais, estudantes e especialistas
nacionais e internacionais.
Ele é uma realização do Conselho
Federal de Contabilidade (CFC) e do Conselho Regional de Contabilidade
do Pará (CRC-PA), com o apoio da Academia Brasileira de Ciências
Contábeis e do Sistema CFC/ CRC’s e organização da Fundação Brasileira
de Contabilidade (FBC).
(DOL)
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