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Joseph Schumpeter |
pictures by Santiago Caruso
"As
inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de tal
maneira que, primeiramente, as novas necessidades surgem espontaneamente
nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua
pressão. Não negamos a presença desse nexo. Entretanto, é o produtor
que, igualmente, inicia a mudança econômica, e os consumidores são
educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a
querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar”
Joseph Schumpeter , A Teoria do Desenvolvimento Econômico
O
economista austríaco Joseph Alois Schumpeter (1883-1950) popularizou o
conceito de “destruição criativa”, formulado anteriormente pelo teórico
anarquista Mikhail Bakunin e pelo filósofo Friedrich Nietzsche. Em seu
livro Socialismo, Capitalismo e Democracia (1942), Schumpeter
sugere que os processos de inovação na economia surgem devido às crises
do capitalismo, pelo fato de elas criarem a necessidade de se introduzir
novas combinações de fatores produtivos para permitir a retomada do
crescimento econômico. Para Schumpeter, os protagonistas destas
inovações são os empresários empreendedores. Essas inovações
inicialmente destroem velhas empresas e antigos modelos de negócios, mas
pouco a pouco criam novos parâmetros, possibilitando, dessa maneira,
uma reorganização da economia ou mesmo uma nova ordem econômica. Mas o
conceito essencial, desenvolvido já em A Teoria do Desenvolvimento Econômico (1911), é que a inovação nasce na esfera da produção, não do consumo.
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Carl von Clausewitz |
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Bomba atômica em Nagasaki |
Na
minha opinião, contudo, não é o empresário capitalista o grande
responsável pela inovação econômica e tecnológica, mas o Estado, por
meio da guerra. Se a guerra é a continuação da política por outros
meios, como dizia Carl von Clausewitz, ela também é a mãe da tecnologia e
da inovação. Se analisarmos as grandes invenções, principalmente dos
últimos cem anos, verificaremos que as mais importantes – que resultaram
na diminuição do sofrimento e na melhoria da qualidade de vida da
humanidade – foram geradas por necessidades militares. Durante as duas
guerras mundiais e a Guerra Fria, o imperativo de se produzir armas
melhores e mais eficazes impulsionou a ciência e a tecnologia de modo
nunca visto antes na história da humanidade. Senão vejamos:
O
avião, inventado pelo brasileiro Santos Dumont com objetivos civis,
somente se tornou viável quando foi adaptado para fins bélicos – o que
ocorreu durante a I Guerra Mundial (1914-1918). A invenção mudaria
completamente os paradigmas estratégicos, mas também viabilizaria a
aviação comercial. Já a exploração da energia nuclear nasceu de uma
feérica competição entre americanos e alemães para dominar o processo de
fabricação de bombas atômicas - arma com altíssima capacidade de
destruição, como se verificou em Hiroshima e Nagasaki, em 1945. Mas essa
busca terrível produziu como grande subproduto civil o formidável
desenvolvimento da medicina nuclear, uma especialidade médica que
utiliza técnicas seguras e indolores para coletar informações para
diagnóstico e mesmo tratar doenças.
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Míssil Intercontinental |
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O Sputnik I, lançado em 1957 |
A
corrida nuclear durante a Guerra Fria levou ao desenvolvimento dos
mísseis, veículos lançadores de ogivas atômicas. Eles nasceram dos
foguetes - na verdade, ainda bombas voadoras, as alemães V-2, com as
quais Hitler atormentou os britânicos no final da II Guerra. Primeiro,
vieram os satélites, com o Sputnik dos soviéticos (1957) à frente.
Reagindo à ofensiva da URSS, a Nasa lançou em 1961 o primeiro satélite
de comunicações, o Echo I, com capacidade de 12 ligações telefônicas
simultâneas. Os Jogos Olímpicos de Tóquio, em 1964, foram os primeiros a
serem transmitidos pelo mundo via satélite. A corrida espacial
resultaria na produção de mísseis balísticos intercontinentais - os
ICBMs, com múltiplas ogivas nucleares (MIRVs em inglês - Multiple
Independent Reintrance Vehicle).
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Hedy Lamarr |
Pouca gente sabe, mas os telefones celulares
nasceram de sistema inventado por Hedy Lamarr - atriz
hollywoodiana celebrizada no papel de Dalila, em Sansão e Dalila (1949). Ela criou
um sofisticado aparelho de interferência em rádio para despistar
radares nazistas e o patenteou em 1940. A ideia surgiu ao lado do
compositor George Antheil em frente a um piano. Eles brincavam de dueto;
ela repetindo em outra escala as notas que ele tocava, experimentando o
controle dos instrumentos. Ou seja, duas pessoas podem conversar entre
si mudando frequentemente o canal de comunicação desde que façam isso
simultaneamente.
Em
1948, quando começou a Guerra Fria, as válvulas utilizadas pelos
computadores americanos foram substituídas por transístores. Mas a
miniaturização dos equipamentos obrigou a criar algo que fizesse a
conexação entre os transístores. Graças aos investimentos maciços do
Departamento de Defesa, a Texas Instruments patenteou em 1958 o circuito
integrado, em que todos os transístores ficavam conectados num chip.
Nos anos 1960, os investimentos da Força Aérea dos EUA, que queriam
aprimorar o direcionamento de mísseis dos aviões, permitiram o
desenvolvimento do chip de silício, que depois migraria para relógios
digitais, walkmans e que tais. Nos anos 1970, esse processo permitiu o
surgimento do microprocessador.
O temor de uma guerra nuclear obrigou o Departamento de Defesa dos EUA a
criar uma rede de comunicação capaz de proteger informações para casos
de guerra, a ARPANET, que estreou em 1968. Ela dividia informações em
vários compartimentos e fazia cada pedaço seguir um curso diferente,
preservando as informações ainda que um terminal fosse destruído. Esse
sistema originou a nossa conhecida internet.
O
GPS (Sistema de Posicionamento Global) surgiu originalmente para
orientar mísseis - como o famoso Tomahawk - e guiar tropas por meio de
informações de satélites. O aparelho compara dados enviados pelos
satélites e fornece latitude, longitude e altitude. Agora, tem ampa
aplicação civil.
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William T. Sherman
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Heráclito
dizia que "a guerra é mãe e rainha de todas as coisas; alguns ela
transforma em deuses, outros, em homens; de alguns faz escravos, de
outros, homens livres". Em compensação, o general William Sherman,
aquele que destruiu Atlanta na Guerra da Secessão americana (1861-1865) e
virou nome de tanque de guerra, observava que "somente aqueles que
nunca deram um tiro, nem ouviram os gritos e os gemidos dos feridos, é
que clamam por sangue, vingança e mais desolação. A guerra é o inferno".
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