O Programa fantástico da rede Globo, mesmo em queda livre em nível de audiência, mostrou no domingo passado para o mundo inteiro, uma matéria em que da um 'xeque-mate' na hipocrisia de Joaquim Barbosa, que não reconhece os direitos constitucionais de José Dirceu e José Genuíno - presos políticos - tratando-os como presos comuns; enquanto isso, no resto do Brasil, a verdadeira bandidagem zomba do sistema, da sociedade e da 'pose' midiática de justiceiro implacável que Joaquim Barbosa tentou artificialmente forjar para si com a ajuda fajuta do PIG.
Confira aqui abaixo um fragmento da reportagem do fantástico:
Detentos com dinheiro têm regalias em duas penitenciárias brasileiras
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça mostram presidiários com livre acesso a celulares, usados para acompanhar ações criminosas.
TVs de última geração, cozinha superequipada, churrasco com carne de
primeira e dinheiro de sobra. Não, não estamos falando de turistas
milionários que vieram ao Brasil se divertir na Copa. Estamos
descrevendo a rotina de duas grandes penitenciárias brasileiras.
Nessas cadeias, preso que tem dinheiro, tem tudo. Dois trechos de gravações telefônicas mostram o que acontece dentro da cadeia.
Preso: Oi, linda.
Namorada: Tô aqui no mercado. O que eu levo pra ‘tu’ comer?
Preso: Leva uma carne boa.
Namorada: Costela mesmo?
Preso: Isso.
Namorada: Tô aqui no mercado. O que eu levo pra ‘tu’ comer?
Preso: Leva uma carne boa.
Namorada: Costela mesmo?
Preso: Isso.
Preso: Amanhã também tem um churrasco aqui.
Bandido: Churrasco aí?
Preso: Tem uns dois mil ‘espetinho’ que vai ter aqui ‘pra nóis’. Só espetinho de primeira, só com bacon, é queijo, só coisa boa.
Bandido: Churrasco aí?
Preso: Tem uns dois mil ‘espetinho’ que vai ter aqui ‘pra nóis’. Só espetinho de primeira, só com bacon, é queijo, só coisa boa.
Os homens que você ouve nas ligações no vídeo acima, tranquilos,
comprando carne, organizando churrascos, não estão livres. As escutas
telefônicas foram feitas na Penitenciária de Aparecida de Goiânia, e no
Presídio Central de Porto Alegre.
Os homens que falam a vontade ao celular nem parecem criminosos que
estão na cadeia. As gravações tiveram autorização da Justiça.
No final de maio, o Ministério Público do Rio Grande do Sul apresentou
denúncia contra 41 pessoas, envolvidas em uma quadrilha comandada por
trás das grades. “Presídio Central, da porta para dentro, é comandado
pelos presos”, afirma Ricardo Herbstrith, promotor de Justiça do Rio
Grande do Sul.
Segundo a investigação, os chefes de facções criminosas, dentro da
cadeia, não organizam apenas churrascos. Também têm livre acesso a
celulares e à internet.
Imagens feitas do alto mostram um preso ao telefone. Em uma gravação,
um dos bandidos chega a acompanhar, em tempo real, da cadeia, a entrega
de dinheiro de tráfico de drogas na casa luxuosa de um dos chefes da
quadrilha, preso na mesma penitenciária.
Bandido: Estacionou ali e ele botou a chave ali, ‘tá’ ligado?
Preso: Claro, eu ‘tava’ vendo ali pela câmera, meu.
Preso: Claro, eu ‘tava’ vendo ali pela câmera, meu.
“Dentro do presídio, com smartphone, com 3G funcionando, acompanhava
todas as câmeras de segurança da sua casa”, diz o promotor.
Os chefes do crime comandam, cada um, uma galeria do Presídio Central.
São chamados de “prefeitos”. “Tem vários cargos dentro da galeria. Um
dia eu perguntei para um preso: ‘Está trabalhando na galeria?’, ‘Sim’,
‘Faz o que lá?’, ‘Eu sou ministro dos Esportes’”, conta Sidnei Brzuska,
juiz da Vara de Execuções Criminais de Porto Alegre.
Acompanhado pelo juiz responsável pela fiscalização da unidade, o repórter Giovani Grizotti visitou o presídio e entrou nas celas dos tais “prefeitos”.
Acompanhado pelo juiz responsável pela fiscalização da unidade, o repórter Giovani Grizotti visitou o presídio e entrou nas celas dos tais “prefeitos”.
Ventiladores, aparelho de som, uma geladeira duplex com bastante
comida, tem até iogurte e também achocolatado. Em outra cela,
ventilador, TV de tela plana e uma geladeira duplex. Dentro dela, carne
congelada, margarina, suco de fruta, mamão, café, ventilador, cama de
casal, liquidificador e também aparelho de som.
O dinheiro que sustenta tanta mordomia vem de roubos e tráfico. E
também da extorsão de parentes de outros presidiários, geralmente
pessoas presas pela primeira vez.
“Ameaçava todo mundo lá de casa, meus filhos, mãe, todo mundo se não pagasse“, diz uma pessoa.
Fantástico: Começou levando quanto?
Pessoa: Duzentos. Daí ‘pra’ quinhentos.
Fantástico: Por semana?
Pessoa: Na semana, eles pediam.
Pessoa: Duzentos. Daí ‘pra’ quinhentos.
Fantástico: Por semana?
Pessoa: Na semana, eles pediam.
As namoradas e mulheres dos chefes também têm prioridade para entrar no
presídio, e esse privilégio fica registrado nos computadores da
Secretaria de Segurança Pública.
“Essa prioridade faz com que elas cheguem lá e não percam tempo em
fila. É o absurdo dos absurdos”, comenta o promotor Ricardo Herbstrith.
Em uma das gravações, um dos chefes dos bandidos, conhecido como Ben
Hur, mostra que controla não apenas o presídio, mas também os gastos
excessivos da companheira.
Ben Hur: Gastou mais de 10 mil esse mês.
Namorada: Mais de 10?
Ben Hur: Bem mais, filha. Soma, desde o começo do mês.
Namorada: Mais de 10?
Ben Hur: Bem mais, filha. Soma, desde o começo do mês.
“Os presos têm absoluta liberdade, absoluto domínio sobre o espaço
interno das galerias e, dali, eles comandam o crime”, ressalta o
promotor.
Em mais uma gravação, outro chefe, conhecido como Capa, conversa com um assaltante que acabou de roubar um carro.
Bandido: O carro é sedan, automático, dá no nosso?
Capa: A frente, o que nós vamos usar é a frente. Mas, é 2013?
Bandido: É 2013.
Capa: A frente, o que nós vamos usar é a frente. Mas, é 2013?
Bandido: É 2013.
O automóvel seria clonado, ou seja, os bandidos usariam partes e
documentos de outro carro para escapar da fiscalização. A vítima não
quer mostrar o rosto: “Ele chegou até a engatilhar a arma e colocar na
minha cabeça. Cheguei a ficar desesperado, entrei em pânico, chorei”.
A quase 1.500 quilômetros de Porto Alegre, na Região Metropolitana de
Goiânia, o roubo de carros também é comandado da cadeia. Por telefone,
um ladrão, a serviço de bandidos presos, comemora um assalto.
“Ó, tô com a Montana. Ela tem roda, é branca, zero, zero, zerinho”, diz o bandido.
O carro roubado é do empresário José Feliciano. “Me abordaram, já
colocaram a arma em mim. E falaram assim para mim: ‘Não, vagabundo,
passa para o banco de trás’”, conta.
Os presos na penitenciária de Aparecida de Goiânia parecem não ter uma
vida tão difícil assim. Eles fazem churrasco, usam drogas e recebem até
visitas de prostitutas.
“Mulher não falta, não. É todo domingo. Elas vêm só pra isso. Pra fazer
programa. Você paga cem, cento e cinquenta. E bonita”, diz um preso.
Uma investigação do Ministério Público que envolveu sete promotores e durou mais de um ano revelou as mordomias.
“Carne aqui é mato, nós ‘assa’ carne toda hora”, diz um preso.
“O escárnio é uma encomenda de 1.200 espetinhos para fazer uma festa
dentro do presídio. Isso é um escárnio”, afirma Lauro Machado Nogueira,
procurador-geral de Justiça de Goiás.
A penitenciária tem até mesa de sinuca coletiva e videogame nas celas.
As drogas são usadas livremente. O dinheiro vem, principalmente, do
roubo de carros e também de trotes por telefone...
Fonte: G1 Cadê o Dotô Joaquim?
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