Brasil e Argentina renovaram
nesta quarta-feira o acordo automotivo entre os dois países. A renovação
se dá em um momento de forte queda no comércio bilateral.
A renovação passa a vigorar em primeiro de julho e vai até o dia trinta de junho do ano que vem. Pelos termos do acordo, para cada dólar importado o Brasil poderá exportar US$ 1,5 para a Argentina. A medida visa equilibrar o comércio, hoje deficitário para a Argentina – pelo acordo, a balança só pode ser favorável ao Brasil em 50%.
De acordo com dados da consultoria
econômica Abeceb, de Buenos Aires, baseada em dados oficiais, as
exportações e as importações caíram 20% nos primeiros quatro meses deste
ano na comparação com o mesmo período do ano passado. O volume deste
comércio bilateral em 2013 foi de aproximadamente US$ 19 bilhões, ainda
segundo dados compilados pela consultoria.
As autoridades dos dois países já estudam as
regras para um acordo mais longo a partir de 2015, segundo disseram os
ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) do Brasil,
Mauro Borges, e os ministros argentinos da Economia, Axel Kicillof, e da
Indústria, Debora Giorgi.
Para o economista argentino Dante Sica, da
Abeceb, o novo teto de exportações, chamado "flex", de US$ 1,5 para US$
1, é positivo.
“Antes, este item foi de US$ 1,9 e chegou a
superar a marca de US$ 2, mas jamais foi superada. Então, a definição do
flex de US$ 1,5 é positiva, neste momento, para os dois lados. Na
realidade, eles estão dando previsibilidade ao setor e reconhecendo seu
novo limite”, disse à BBC Brasil.
Setor automotivo
O setor automotivo representa cerca de 55% do
total do comércio bilateral e gera 140 mil empregos, segundo fontes do
governo brasileiro. “Quando as vendas caem é normal que exista
preocupação”, reconheceram pouco antes da assinatura do acordo nesta
quarta.
A produção e venda de automóveis e de autopeças
representava cerca de US$ 4 bilhões em 2000. Hoje chega a US$ 19
bilhões. O comércio de autos tem papel fundamental na balança comercial
dos dois países que, no total supera os US$ 30 bilhões anuais.
“Com este novo acordo, o nosso objetivo não é só
manter a cadeia produtiva, que neste setor é interligada para o Brasil e
para a Argentina, mas manter o fluxo bilateral de comércio”, disse
Kicillof, sentado ao lado dos outros ministros, incluindo Borges.
Ele disse ainda que o novo acordo “atende as
orientações das presidentes Cristina Kirchner e Dilma Rousseff”. Na
semana passada, foi realizada reunião em Brasília entre os ministros
Borges e Giorgi que definiram os detalhes técnicos do entendimento.
A palavra final, porém, segundo disseram fontes
dos dois governos, seria das presidentes, como confirmou Kicillof na
entrevista coletiva. “O principal é que este acordo atual dará
previsibilidade ao setor e nestes meses teremos varias reuniões para
definir o próximo acordo, de longo prazo”, disse Giorgi.
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