"Não
se pode duvidar de que as filosofias historicistas de Hegel de de Marx
sejam produtos característicos de sua época - uma época de mudança
social. Como as filosofias de Heráclito e Platão, e como as de Comte e
Mill, Lamarck e Darwin, são filosofias de mudanças, e dão testemunho da
tremenda e sem dúvida um tanto terrífica impressão causada por um
ambiente social em mutação nas mentes dos que vivem nesse ambientes.
Platão reagiu a essa situação procurando paralisar qualquer mudança. Os filósofos sociais mais modernos parecem reagir muito diferentemente, pois aceitam a mudança e mesmo lhe dão boas vindas; contudo, esse amor pela mudança me parece um pouco ambivalente. De fato, ainda que hajam desistido de qualquer esperança de deter a mudança, tendem a predizê-la como historicistas e assim colocá-la sob controle racional; e isto, certamente, parece uma tentativa de domá-la. Assim, para o historicista, é como se a mudança não tivesse perdido inteiramente seus terrores."
Platão reagiu a essa situação procurando paralisar qualquer mudança. Os filósofos sociais mais modernos parecem reagir muito diferentemente, pois aceitam a mudança e mesmo lhe dão boas vindas; contudo, esse amor pela mudança me parece um pouco ambivalente. De fato, ainda que hajam desistido de qualquer esperança de deter a mudança, tendem a predizê-la como historicistas e assim colocá-la sob controle racional; e isto, certamente, parece uma tentativa de domá-la. Assim, para o historicista, é como se a mudança não tivesse perdido inteiramente seus terrores."
"Se
pensarmos que a história progride, ou que estamos fadados a progredir,
então cometemos o mesmo engano daqueles que crêem ter a história um
significado que pode ser descoberto nela e não necessita ser-lhe dado.
Progredir, com efeito, é mover-se para uma certa espécie de fim, para
um fim que existe para nós como seres humanos. A "história" não pode
fazer tal coisa; apenas nós, os indivíduos humanos, podemos fazê-lo. E
podemos fazer defendendo e fortalecendo aquelas instituições
democráticas que a liberdade e, com ela, o progresso, dependem. E muito
melhor o faremos à medida que nos tornamos mais plenamente conscientes
do fato de que o progresso repousa em nós, em nossa vigilância, e nossos
esforços, na clareza da concepção que tenhamos de nossos fins e no
realismo de sua escolha."
"Em
vez de nos estadearmos como profetas, devemos tornar-nos os autores de
nosso destino. Devemos aprender a fazer as coisas o melhor que pudermos e
a encarar nossos enganos. E quando tivermos abandonado a ideia de que a
história do poder será a nossa julgadora, quando tivermos desistido de
nos afligir por indagar se a história nos justificará ou não, então
talvez um dia possamos ter êxito em colocar o poder sob nosso domínio.
Desse modo, poderemos mesmo, por nossa vez, justificar a história. Ela
necessita desesperadamente dessa justificação."
Karl Popper, A Sociedade Aberta e seus Inimigos
Postado por Cláudio Camargo
Postado por Cláudio Camargo
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