No dia 12 de outubro de 1968, durante a realização do XXX Congresso
da UNE, em Ibiúna, fui preso, juntamente com centenas de estudantes que
representavam todos os estados brasileiros naquele evento. Tomamos,
naquele momento, lideranças e delegados, a decisão firme, caso a
oportunidade se nos apresentasse, de não fugir.
Em 1969 fui banido do país e tive a minha nacionalidade cassada, uma
ignomínia do regime de exceção que se instalara cinco anos antes.
Voltei clandestinamente ao país, enfrentando o risco de ser assassinado, para lutar pela liberdade do povo brasileiro.
Por 10 anos fui considerado, pelos que usurparam o poder legalmente constituído, um pária da sociedade, inimigo do Brasil.
Após a anistia, lutei, ao lado de tantos, pela conquista da democracia. Dediquei a minha vida ao PT e ao Brasil.
Na madrugada de 1º dezembro de 2005, a Câmara dos Deputados cassou o mandato que o povo de São Paulo generosamente me concedeu.
A partir de então, em ação orquestrada e dirigida pelos que se opõem
ao PT e seu governo, fui transformado em inimigo público numero 1 e, há
sete anos, me acusam diariamente pela mídia, de corrupto e chefe de
quadrilha.
Fui prejulgado e linchado. Não tive, em meu benefício, a presunção de inocência.
Hoje, a Suprema Corte do meu país, sob forte pressão da imprensa, me
condena como corruptor, contrário ao que dizem os autos, que clamam por
justiça e registram, para sempre, a ausência de provas e a minha
inocência. O Estado de Direito Democrático e os princípios
constitucionais não aceitam um juízo político e de exceção.
Lutei pela democracia e fiz dela minha razão de viver. Vou acatar a
decisão, mas não me calarei. Continuarei a lutar até provar minha
inocência. Não abandonarei a luta. Não me deixarei abater.
Minha sede de justiça, que não se confunde com o ódio, a vingança, a
covardia moral e a hipocrisia que meus inimigos lançaram contra mim
nestes últimos anos, será minha razão de viver.
Vinhedo, 09 de outubro de 2012
José Dirceu
Nenhum comentário:
Postar um comentário