Olívio é uma liderança sincera em busca de diálogo,que acredita que existem outros passos á serem dados pela direção do PT. É uma discussão que tem que se abrir entre o maior partido de esquerda do hemisfério sul e a sociedade brasileira. É um grande orgulho para todos poder conviver com esse tipo de democracia partidária.(Mviva) |
Se a direção nacional e gaúcha do PT tem uma avaliação de que as
eleições municipais de 2012 foram apenas positivas pelo aumento do
número de prefeituras em relação ao último pleito, um quadro de força
política relevante do partido discorda. O ex-governador do Rio Grande do
Sul, Olívio Dutra disse em entrevista ao Sul21 que o processo eleitoral deve servir como lição sobre os rumos da identidade do PT.
“O PT tem mais se modificado do que modificado a sociedade. Este é um
grande problema nosso. Estamos ficando iguais aos partidos tradicionais.
Nós não nascemos para nos confirmarmos na institucionalidade e viver da
barganha política”, critica. Para Olívio, a sigla que nasceu da luta
dos trabalhadores e acumula tradição em formação política e diálogo com
os movimentos sociais está se afastando de sua origem. “Não podemos ser o
partido da conciliação de interesses. Temos que ser o partido da
transformação social. Evidente que não sozinho, mas com alguns em que
possamos apresentar projetos de campos populares democráticos”, diz.
A política de colaboração de classes adotada pela direção do Partido dos
Trabalhadores a partir da eleição do Lula, em 2002, conduz o PT, na
visão de Olívio Dutra ao distanciamento dos ideias petistas que
constituíram o partido. “A esquerda do PT, PSTU e PCO devem ao país.
Temos que nos unir e não ficar disputando dentro do próprio PT. As
correntes internas que antes discutiam ideias agora discutem como se
fortalecer e buscar cargos e eleições de seus quadros. Isso é
preocupante”, afirma.
Ainda que as considerações do ex-ministro de Lula apontem para um
cenário crítico internamente, ele acredita que o PT ainda tem raízes de
sustentação que o permitem fazer uma boa reflexão sobre esta
transformação política. “Aprendemos mais com as vitórias do que as
derrotas. Representamos uma enorme transformação para o povo brasileiro,
mas há que se perguntar se conseguimos mudar substancialmente as
estruturas do estado que promovem as desigualdades e injustiças no nosso
país. Elas estão intactas, apesar de termos tido a oportunidade de
estar no governo. O PT tem que ser parte de uma luta social e cultural
agora, e não se dispor a ficar na luta por espaços e no afastamento dos
movimentos sociais”, salienta.
FONTE: Sul21
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